A Pepsico ajustou o guidance do impacto cambial no resultado deste ano, após ter sido beneficiada pela desvalorização do dólar no segundo trimestre — fenômeno que pode ganhar força na atual temporada de balanços, com empresas com grande exposição a mercados internacionais sendo favorecidas pelo fortalecimento das moedas estrangeiras.
Desde o início do ano, o dólar tem perdido força frente a uma série de divisas internacionais, com aumento da diversificação geográfica em meio à elevação da incerteza sobre a economia e a política americana. O Índice Dxy, que mede a variação do dólar frente às principais moedas globais, caiu 10,6% no primeiro semestre.
O movimento contrasta com a hipótese de dólar forte no início do ano e fez a Pepsico rever o efeito negativo do câmbio esperado para este ano de 3% para 1,5% sobre a receita líquida e lucro por ação.
Considerando o faturamento do ano passado, a magnitude do ajuste seria equivalente a US$ 1,37 bilhão. Mas o impacto pode ser ainda maior, já que a empresa manteve o guidance de um crescimento de receita a um dígito baixo para este ano.
Na quinta-feira, 17, as ações da Pepsico abriram em forte alta na Nyse, chegando a subir mais de 7% nos primeiros negócios do dia.
A Pepsico encerrou o segundo trimestre com receita líquida de US$ 22,7 bilhões, praticamente em linha com o mesmo período do ano passado, mas cerca de US$ 500 milhões acima das projeções de mercado. O lucro ajudado por ação, de US$ 2,12 também superou as estimativas, próximas de US$ 2,02, embora tenha caído 7% na comparação anual.
“Nossa projeção de lucro por ação ajustado em dólares melhorou em relação às expectativas anteriores, já que os ventos contrários do câmbio se atenuaram com o enfraquecimento do dólar americano”, afirma Ramon Laguarta, CEO da Pepsico, na apresentação do resultado.
Foram mantidas no guidance as projeções de uma alíquota efetiva de imposto de aproximadamente 20% e de retorno total aos acionistas de US$ 8,6 bilhões em 2025, sendo US$ 7,6 bilhões em dividendos e US$ 1 bilhão em recompra de ações.
A companhia também manteve a expectativa de que o lucro por ação ajustado em moeda constante se manterá no mesmo patamar do ano passado. No início do ano, esperava-se um crescimento de dígito médio, mas a projeção foi revisada em abril, citando aumento de custos pelas tarifas e um recuo nos gastos com consumo.
No segundo trimestre, as operações de bebidas da PepsiCo na América do Norte registraram prejuízo operacional, impactadas por um impairment de US$ 1,53 bilhão relacionado à marca de energéticos Rockstar.
Esse tipo de ajuste contábil ocorre quando a empresa reavalia o valor de um ativo e conclui que ele vale menos do que estava registrado no balanço, geralmente por queda nas vendas, mudanças de mercado ou revisão estratégica.
Segundo o CEO Ramon Laguarta, a companhia tem concentrado esforços em recuperar a competitividade na região, com foco em inovação de portfólio e otimização de custos, buscando reposicionar suas marcas em categorias e canais onde perdeu tração nos últimos trimestres.
“Vamos continuar expandindo e fortalecendo o crescimento do nosso negócio internacional e acelerando iniciativas para melhorar o desempenho na América do Norte. Isso inclui maior inovação no portfólio e ações de otimização de custos, com o objetivo de estimular o crescimento e a rentabilidade”, afirma Laguarta.