Uma valorização de 250%. Esse foi o cartão de visitas da Figma, empresa de software que viu suas ações saltarem de US$ 33 para US$ 115,50 em seu primeiro dia de negociações na Bolsa de Nova York (Nyse), em julho deste ano, dando à companhia um valor de mercado próximo de US$ 65 bilhões.
Um mês antes, quem também fez barulho ao tocar a campainha na Nyse foi a startup de criptomoedas Circle, que em seu primeiro pregão como empresa listada fechou o dia na bolsa de valores americana com uma valorização superior a 165%.
Embora sejam exemplos extremos, as duas ofertas ajudam a ilustrar o saldo bastante favorável das estreias de companhias no mercado de capitais americano em 2025. É o que ressalta um levantamento da consultoria Rainmaker Securities, destacada pelo portal Yahoo Finance.
Segundo o estudo, as ações das empresas que chegaram às bolsas de valores dos Estados Unidos (Nyse, Nasdaq entre outras menores) de janeiro a junho deste ano tiveram uma valorização, em média, de 27,5% em seus primeiros dias de negociações.
O índice ainda está um pouco abaixo do recorde de 29,2%, registrado no primeiro semestre de 2021. Mas é quase o dobro do salto de 15% contabilizado na primeira metade de 2024 e já se aproxima das máximas dos últimos dez anos.
Os ganhos registrados no primeiro semestre de 2025 são ainda maiores – de 36%, quando se leva em conta as 20 maiores ofertas contabilizadas no ano, de um total de 241 IPOs no ano.
A pesquisa não cita um dado específico, mas destaca que quem está puxando esses números é o setor de tecnologia. Em um indicativo dessa representatividade, as ofertas do segmento foram as que arrecadaram o maior volume nesse ano na Nyse, ao somarem mais de US$ 13,5 bilhões.
Outros indicadores, também da Bolsa de Nova York e relacionados aos últimos doze meses, reforçam a força do setor. Nesse intervalo, as estreias de empresas de tecnologia registraram a maior alta média, com uma valorização de 36,3%.
Nessa mesma base de comparação, companhias de tecnologia também responderam pela segunda maior concentração de ações abrindo as negociações acima da faixa de preços esperada, com um índice de 41%, atrás apenas do segmento de bens de consumo.
Em entrevista ao Yahoo Finance, Greg Martin, sócio da Rainmanker Securities, observa que esse domínio do setor se deve, em parte, ao fato de que é mais desafiador definir um preço para empresas que crescem rapidamente em novos mercados.
“Como depende muito do que essas empresas farão no futuro, é um exercício muito mais difícil”, afirmou Martin. “É muito mais fácil avaliar uma empresa que vem crescendo 10%, 15% nos últimos 20 anos e seguirá crescendo assim.”
Em um contexto similar de um mercado futuro potencialmente enorme, as ofertas de fintechs ligadas a criptomoedas também têm se destacado. Além da Circle, outro exemplo é a Bullish, cujas ações tiveram um salto de mais de 80% em sua estreia, em agosto.
Com esses motores, os primeiros dias de negociações estão bem acima da média registrada nos últimos 30 anos, de 19%. Entretanto, alguns casos recentes mostram que, passado o “entusiasmo inicial”, as ações de tecnologia e setores relacionados tendem a voltar à realidade.
A Figma, por exemplo, vê suas ações sendo negociadas atualmente no patamar de US$ 53, o que representa uma desvalorização de aproximadamente 54% em relação à sua estreia avassaladora na Nyse. Mesmo assim, os papéis ainda estão cerca de 60% acima do preço fixado no IPO.