Quase um mês após o IPO na Nasdaq, a mineradora canadense Aura Minerals, que tem operações no Brasil, voltou à lista de cobertura do BTG Pactual. Para os analistas, a entrada bem-sucedida no mercado americano e a possível saída da Bolsa de Toronto desbloqueará valor da companhia por meio do aumento da liquidez, em um horizonte de volume médio diário negociado acima de US$ 10 milhões.
“Uma das críticas mais comuns que recebemos ao longo dos anos foi relacionada à liquidez limitada da empresa, o que naturalmente afastava alguns investidores. Além disso, a oferta teve papel importante para aumentar a visibilidade da empresa e fortalecer sua base de acionistas”, diz o documento assinado pelos analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi.
No dia 16 de julho, a companhia levantou, no primeiro dia da oferta pública inicial de ações na Nasdaq, US$ 196,4 milhões, com cada ação sendo negociada a US$ 24,25. O valor foi um pouco abaixo da perspectiva inicial da mineradora, que previa US$ 210 milhões. O CEO Rodrigo Barbosa participou da cerimônia do toque da campainha em Nova York. A Aura abriu o capital em Toronto em 2006 e passou a emitir Brazilian Depositary Receipts (BDRs) na B3 em 2020.
Na ocasião, a empresa informou que os recursos obtidos de investidores americanos para impulsionar projetos-chave de mineração na Guatemala e no Mato Grosso, além de garantir a aquisição do projeto Serra Grande, em Goiás, por US$ 76 milhões, anunciado em junho deste ano.
“Desde que iniciamos a cobertura da Aura em 2020, temos consistentemente defendido uma reavaliação positiva dos múltiplos conforme a empresa expande sua produção, especialmente à medida que se aproxima da marca de 400 mil onças”, diz o relatório do BTG.
“Continuamos a ver o mercado atribuindo múltiplos de valuation maiores a empresas com perfis de produção maiores, e esperamos que a Aura se beneficie dessa dinâmica, principalmente ao ultrapassar 400 mil onças de produção anual já em 2026”, complementam os analistas.
A produção esperada da companhia, que opera em minas no México e Honduras, além dos projetos desenvolvidos no Brasil, é de 414 mil onças em 2026, contra 266 mil onças alcançadas em 2024. Um destaque para o banco é a estratégia ambiciosa de expansão da mineradora, que tem grande potencial para dobrar a capacidade de produção atual nos próximos anos.
“Durante essa trajetória de crescimento, a gestão da Aura tem se mantido comprometida em pagar dividendos trimestrais consistentes, com rendimentos na faixa de 8% a 10%, diferenciando-se da maioria das empresas focadas em crescimento no setor”, afirma o banco.
Nesse sentido, com a incorporação dos projetos no ciclo de investimentos e da atualização das premissas do preço do ouro a longo prazo, o BTG acredita em um preço-alvo de US$ 40 por ação em 12 meses, o que implicaria um potencial de valorização acima de 50%. Na segunda-feira, 11 de agosto, o papel está sendo negociado a US$ 26, com queda de 0,95% por volta de 12h30 (horário local).
Além do cenário positivo de curto prazo, os analistas apostam também nos dois projetos greenfield (Era Dourada e Matupá), e em potenciais expansões como a mina de Borborema, no Rio Grande do Norte, que iniciou o ramp-up no primeiro trimestre deste ano e tem previsão de operação comercial no fim do terceiro trimestre.
“Comprar Aura é comprar crescimento. Acreditamos que a empresa está bem posicionada para cumprir seu plano de produção para cinco anos, e não descartamos um potencial adicional, considerando o forte histórico da Aura em execução de projetos e/ou futuras fusões e aquisições”, afirma o banco.
Além da própria perspectiva de aumento de portfólio, o BTG entende que a valorização do ouro e o aumento das reservas adquiridas por países como a China, principalmente após a escalada da guerra comercial com os Estados Unidos de Donald Trump, irão beneficiar a Aura Minerals. A recomendação do banco é pela compra.
“Continuamos a ver o ouro como um ativo de baixa volatilidade que melhora o retorno ajustado ao risco dos portfólios. Dito isso, mantemos nossa preferência pela Aura em relação ao metal em si, dada a atraente política de dividendos da empresa e sua robusta trajetória de crescimento. Vemos a Aura como uma ótima forma de adicionar ouro às carteiras”, diz.
No balanço do segundo trimestre, a companhia reportou receita líquida de US$ 190,4 milhões, alta de 41,7% sobre o mesmo período de 2024. O lucro líquido ajustado foi de US$ 36,8 milhões, 291% acima do registrado no segundo trimestre do ano anterior (US$ 9,4 milhões).
Desde o IPO, as ações da Aura Minerals em Nova York acumulam valorização de 7,2%, com base no preço inicial da negociação. Em Toronto, os papeis da empresa registram alta de 99,3% no acumulado de 2025. A empresa está avaliada em US$ 2,1 bilhões.