A Positivo Tecnologia embarcou em um processo de diversificação de suas fontes de receitas para além da venda de computadores e do canal de varejo em 2017. Foram definidas nove áreas em que pretende ter forte presença. Dentre elas estão internet das coisas (IoT) para residências e infraestrutura de tecnologia da informação (TI) .
Para o Itaú BBA, essa estratégia está colocando a companhia em uma boa posição para aproveitar o crescimento de mercados com altas margens e garantir receita recorrente, além de preparar a companhia para a chegada da inteligência artificial (IA). No curto prazo, porém, o banco avalia que ainda faltam catalisadores para impulsionar os resultados da companhia liderada por Helio Rotenberg.
Diante dessa avaliação, os analistas Maria Clara Infantozzi e Thiago Alves Kapulskis decidiram iniciar a cobertura da Positivo com recomendação neutra. O preço-alvo foi estabelecido em R$ 6,70, indicando um potencial de alta de 18% em relação às recentes cotações do papel.
“O curto prazo (segundo semestre) deve ser um período volátil para a companhia, especialmente pelo fato de a demanda por computadores permanecer baixa num mercado que não mostrou uma tendência de crescimento por um tempo e experimenta um alto nível de promoções”, diz trecho do relatório.
"A Positivo também está exposta a uma dura base de comparação em projetos especiais, sem nenhuma receita vinda desse canal no segundo semestre e baixa visibilidade para 2025”, conclui.
Projetos especiais é a área dentro da Positivo que desenvolve hardwares sob demanda, como foi o caso com a urna eletrônica e dispositivos para a realização do censo demográfico. No balanço do segundo trimestre, a companhia informou que essa parte não deve ter faturamento neste ano.
A situação prevista para os próximos seis meses, e a falta de visibilidade para o começo de 2025, acaba ofuscando o fato de as ações da Positivo serem uma das mais baratas do universo de cobertura tech do Itaú BBA, segundo os analistas. Eles estimam um múltiplo P/E de 4 vezes para os papéis em 2025.
Apesar da ressalva para o curto prazo, os analistas do Itaú BBA destacam que a estratégia da Positivo, construída por meio de uma intensa agenda de M&As, a expõe a mercados endereçáveis que, somados, totalizam R$ 117 bilhões.
Dentre os destaques estão os segmentos de maquininhas de cartão e de serviços de TI, esse último apoiado pela compra da Algar Tech MSP, concluída em junho, sua maior compra em 35 anos de história.
Outro ponto da tese de investimento da Positivo que os analistas destacam são as parcerias que a companhia firmou nos últimos anos com grandes nomes do mundo da tecnologia, como Intel, Microsoft e Qualcomm. Para eles, isso ajuda na execução de produtos e em sua qualidade, além de abrir portas na frente de IA.
“Acreditamos que a Positivo poderia aproveitar essas parcerias e estar bem posicionada para potencialmente ser uma pioneira na distribuição de soluções de IA de tecnologia global no Brasil (por exemplo, a distribuição do Copilot da Microsoft)”, diz trecho do relatório.
Junto com isso, os analistas do Itaú BBA destacam o forte posicionamento da Positivo em serviços de TI e em produtos para servidores, que devem ter forte demanda nos próximos anos com a implementação de ferramentas de IA pelas companhias.
Por volta das 15h40, as ações da Positivo subiam 3,87%%, a R$ 5,9o. No ano, elas acumulam queda de 10,33%, levando o valor de mercado a R$ 840 milhões.