SUNNYVALE - Durante sua participação no Brazil at Silicon Valley, em Sunnyvale, na Califórnia, o brasileiro Cristiano Amon, CEO global da Qualcomm da fabricante de chips americana disse que a busca por inovação em todos os processos do negócio é algo que deve ser evitado.
Segundo Amon, as startups “precisam estar abertas para a inovação que está acontecendo” ao redor delas. O executivo ressalta que isso é diferente de querer fazer tudo dentro de casa. “A pior coisa para uma empresa de tecnologia é tentar inovar tudo o que ela precisa.”
O CEO da Qualcomm fez uma analogia dessa busca incessante por inovação com as lutas de gladiadores nas antigas arenas romanas. “No melhor dos cenários, quando não morria, o gladiador vencia a luta apenas para ter que lutar novamente”, disse Amon.
O conselho do executivo para evitar que os empreendedores sangrem o capital de suas empresas de forma desnecessária é manter um olhar atento para o mercado. “Por isso, os M&As e os investimentos em venture capital são importantes”, destacou Amon.
A própria Qualcomm é um exemplo neste sentido. Amon lembrou que a companhia avaliada em US$ 193,3 bilhões fez aquisições que ajudaram a inovar processos internos do negócio.
Em 2021, a fabricante de chips, por exemplo, adquiriu a empresa sueca Veoneer, que atua no mercado automotivo e é voltada para o desenvolvimento de sistemas avançados de assistência para motoristas.
No mesmo ano, a Qualcomm também comprou a fabricante de chips rival Nuvia com a intenção de melhorar a tecnologia dos processadores voltados para smartphones e computadores.
Dentro da Qualcomm, Amon disse que a companhia está observando com atenção os movimentos de inteligência artificial. Um exemplo citado pelo executivo foi o mercado automotivo. “Os carros estão se transformando em computadores sobre rodas”, disse o CEO da Qualcomm.
Sobre o 6G, a próxima geração de redes móveis, Amon afirmou que elas deverão prover uma experiência “mais sensorial” aos usuários. “É um jogo diferente e que parece até algo esotérico”, disse o executivo, mas sem explicar exatamente o que seriam essas experiências. Segundo ele, os primeiros testes devem começar no fim desta década.
Único brasileiro no comando de uma big tech global, Amon assumiu o comando da Qualcomm em junho de 2021. Durante o painel realizado na Califórnia, ele afirmou que o “jogo de cintura brasileiro" tem o ajudado no papel. “O brasileiro tem uma cultura de saber improvisar”, afirmou Amon.
O executivo também afirmou que foi fundamental montar uma equipe competente para atuar no comando da companhia. “Você tem que construir um time que pode fazer as coisas melhor do que você faria sozinho. Precisa ter pessoas que são melhores do que você.”