Foi-se o tempo em que os capitalistas de risco derramavam enormes quantias de dinheiro nas fintechs. Agora é tempo de startups ligadas à inteligência artificial. Essa pode ter sido uma mudança de interesse da grande maioria dos investidores, menos para Peter Thiel.
Fundador do PayPal, da Palantir e da gestora de capital de risco Founders Fund, além de ser o primeiro investidor do Facebook, Thiel é um dos mais controversos investidores do Vale do Silício. Neste momento, ele e um grupo de investidores estão dobrando a aposta na fintech Ramp.
A startup sediada em Nova York foi criada há cinco anos para gerenciar despesas, cartões corporativos e automação contábil para empresas. O período não foi muito interessante para os negócios em razão da redução de gastos dos consumidores e o aumento da incerteza na economia americana. Como a Ramp, Stripe e Klarna também sofreram com queda nos valuations.
No entanto, em abril do ano passado, a Ramp foi avaliada em US$ 7,65 bilhões com o aporte série D liderado pela Founders Fund, de Thiel, e a Khosla Ventures.
A fintech, que tem entre seus investidores o Cingapura GIC, o Stripes, a Thrive e a General Catalyst, além da Founders Fund e da Khosla, alcançou um valuation de US$ 13 bilhões. E entrou para a lista das startups mais valorizadas dos Estados Unidos junto às dezenas de empresas de inteligência artificial.
Em um momento em que fintechs pareciam ser um negócio "menos charmoso", a Ramp quase dobrou seu valuation com o grupo de investidores adquirindo US$ 150 milhões em ações dos funcionários.
O pulo do gato para essa valorização é, justamente, o uso da inteligência artificial nas suas operações. A adoção da tecnologia em todas as partes do negócio (desde o ajuste de despesas à procura das melhores rentabilidades) somada ao rápido crescimento do aumento nos gastos com transações de cartão e pagamentos de contas beneficiaram a Ramp.
De acordo com o Financial Times, a receita anualizada da Ramp é de US$ 700 milhões. Esse valor é maior que os US$ 300 milhões de agosto de 2023. A empresa está processando US$ 55 bilhões em pagamentos em uma base anualizada, em comparação com US$ 10 bilhões no início de 2023.
O objetivo da Ramp é se tornar uma plataforma que oferece aos clientes corporativos uma variedade de serviços. A fintech diversificou seus serviços além de pagamentos para compras e reservas de viagens.
Inverno de IPOs?
A decisão dos investidores da Ramp de comprar parte das ações detidas pelos funcionários faz parte de um movimento seguido por outras startups americanas.
Sem planos para o lançamento de uma oferta pública de ações, as startups estão procurando dar liquidez para os funcionários que com a compra dessas participações.
Esse é um indicativo que essas companhias permanecerão privadas por um período mais longo. Há poucos dias, a Stripe, a empresa de tecnologia financeira mais importante do Vale do Silício, também anunciou a negociação de ações com seus funcionários. E o seu valuation chegou a US$ 90 bilhões.