A pandemia levou as salas de reuniões e de aula para o Zoom, a academia para o YouTube, o shopping para a Amazon e o amor para os aplicativos de encontros.
Que o diga o defensor público Conlan Patrick, de 33 anos, que agora faz parte dos 40% dos americanos que encontraram o amor online – e parte dos 340 milhões de usuários que já fizeram o download do Tinder, o aplicativo de encontro mais baixado do mundo.
"Essa crise tem sido cruel para a pessoas solteiras. Com bares fechados, sem festas e com todo esse distanciamento social, é praticamente impossível conhecer alguém de forma 'convencional'", disse Patrick ao NeoFeed. "Eu já tinha alguns aplicativos de encontros instalados no celular, mas com a pandemia passei a usá-los ativamente."
O defensor público teve a oportunidade de conhecer três outras garotas antes de firmar compromisso com a também advogada Rosie, de 27 anos, há três semanas.
Buscando esse mesmo "final feliz", milhões de pessoas estão deixando de lado antigos preconceitos para dar uma chance aos aplicativos de encontros, o único espaço Covid free para conhecer alguém nas atuais circunstâncias.
E quem comemora não são apenas os usuários. O Match Group, dono do Tinder e de mais de outras 45 marcas ligadas a relacionamentos virtuais, não tem do que reclamar.
Em seu relatório do terceiro trimestre, o número de usuários pagantes saltou 12%, para 10,8 milhões. Vale ressaltar que a companhia não comunica quantos usuários ativos estão em suas plataformas, apenas aqueles que aceitam desembolsar por ferramentas adicionais.
No caso do Tinder, por exemplo, a mensalidade mais barata começa em US$ 9,99 ao mês e dá vantagens como saber quem te curtiu, poder "voltar" para o perfil anterior caso tenha deslizado para a esquerda sem querer, entre outros recursos.
Mesmo sem comunicar o volume total de pessoas utilizando seu sistema, o Match Group escreveu em seu relatório que "as mensagens e as interações no Tinder cresceram sólidos dois dígitos em comparação com a movimentação registrada na última semana de fevereiro, antes da pandemia".
Apesar disso, o recorde de atividade diária continua sendo 29 de março, primeiro domingo da crise nos Estados Unidos, quando usuários do mundo inteiro interagiram 3 bilhões de vezes com os perfis disponíveis na rede.
Além do Tinder, o Match Group controla também outros empresas de sucesso no setor, como o Hinge e o OKCupid. Segundo a consultoria especializada em tecnologia Apptopia, o grupo Match detém uma fatia de 60% do mercado de encontro online.
Não chega a ser surpresa, então, que o conglomerado tenha crescido na crise. Desde março, as ações do grupo acumulam alta de 206%, puxadas por uma sucessão de bons resultados. Seu atual valor de mercado é de US$ 37 bilhões
No terceiro trimestre, por exemplo, a receita registrada foi de US$ 640 milhões, um aumento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. O lucro para o período foi de US$ 249 milhões, 21% acima do registrado na mesma época em 2019.
O Match Group soube se adaptar à pandemia. Seus apps, por exemplo, passaram a permitir chats de vídeo, uma vez que muita gente adiou o primeiro encontro pessoal para depois da pandemia, mas não queria "perder tempo" para conhecer a paquera.
O Match Group emprega 1,8 mil pessoas em 20 escritórios ao redor do mundo. Seus aplicativos estão disponíveis em mais de 40 línguas, e toda essa operação é comandada pela executiva americana Sharmistha Dubey.
Embora tenha ingressado na companhia em 2006, foi só no começo deste ano que Dubey passou a liderar o grupo.
Graduada em engenharia pelo Indian Institute of Technology e com mestrado em engenharia pela Universidade Estadual de Ohio, a executiva já foi COO e Presidente do Match Group para a América do Norte.
No último relatório, Dubey escreveu na carta aos investidores que "o negócio do Match Group continua se provando resiliente diante dos desafios macroeconômicos e sociais".
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