Há uma semana, a petrolífera Exxon Mobil viu a pressão sobre suas práticas baseadas em combustíveis fósseis crescer quando o resultado preliminar para a eleição dos integrantes do seu Conselho de Administração apontou, entre os escolhidos, dois nomes indicados pelo fundo ativista Engine No. 1.
Nesta quarta-feira, 2 de junho, a expectativa de crescimento dos questionamentos sobre a gigante americana ganhou um novo combustível. Com a divulgação de uma nova parcial da contagem dos votos, é provável que o Engine No. 1 ganhe mais um assento no board da empresa.
Caso a votação final seja certificada, o que deve acontecer nas próximas semanas, o fundo em questão terá um peso considerável nas decisões da companhia, ao deter um quarto do total de assentos disponíveis no colegiado.
“Esperamos trabalhar com todos os nossos diretores para ampliar o valor dos acionistas de longo prazo e sermos bem-sucedidos em um futuro de baixo carbono”, afirmou, em comunicado, Darren Woods, CEO da Exxon Mobil. “Agradecemos a todos os acionistas por seu engajamento, participação e seu apoio contínuo à nossa empresa.”
Woods, que também acumula o posto de presidente do board, foi reeleito para o cargo na semana passada. O fato do Engine No. 1 ter boas perspectivas de marcar posição no conselho também promete trazer dificuldades diretamente ao executivo, que liderou uma campanha contra o fundo.
Com uma pequena fatia de 0,02% no grupo americano, o fundo ativista, por sua vez, vem pressionando a Exxon Mobil para que a companhia diversifique gradativamente seus investimentos e se comprometa com uma política de carbono neutro para se tornar menos dependente de combustíveis fósseis.
Na esteira dessa abordagem, o Engine No. 1 teceu uma série de críticas ao conselho da Exxon Mobil por liderar um histórico de resultados anuais fracos e por sua resistência em reconsiderar a visão de que a demanda por petróleo e gás seguirá em altos níveis nas próximas décadas.
Em linha com essa estratégia, o fundo indicou quatro candidatos ao board e ganhou o apoio de nomes como a gestora BlackRock e de fundos de pensão, como CalPERS, CalSTRS e o New York State Common Retirement Fund.
“Somos gratos pela consideração dos acionistas sobre nossos indicados e estamos entusiasmados com o fato de que esses três indivíduos trabalharão com o conselho para ajudar a posicionar melhor a ExxonMobil para o benefício de longo prazo de todos os acionistas”, ressaltou o Engine No. 1, em nota.
Dona de um valor de mercado de US$ 257,9 bilhões, a Exxon Mobil reportou uma receita líquida de US$ 181,5 milhões em 2020, contra US$ 264,9 milhões, um ano antes. No período, a empresa apurou um prejuízo líquido de US$ 22,4 bilhões, ante um lucro de US$ 14,7 bilhões em 2019.
A Exxon Mobil não é a única companhia do setor com suas práticas em xeque. Na semana passada, um tribunal holandês determinou que a Shell deve reduzir suas emissões de CO2 em 45% até 2030, em ação movida pela organização Friend of the Earth Netherlands.
A avaliação é de que a decisão sem precedentes deve abrir caminho para outras ações similares, com sérias consequências e impactos para outras empresas do segmento.