Há exatamente um mês, Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan, dedicou boa parte da sua carta direcionada aos acionistas à guerra entre Rússia e Ucrânia. Além da incerteza que ainda rondava o conflito, ele projetou uma perda de cerca de US$ 1 bilhão para o banco, dada a exposição da operação à Rússia.
Nesta quarta-feira, 4 de maio, o tema voltou a estar no centro de declarações do executivo. Dessa vez, no entanto, Dimon falou sob uma perspectiva mais ampla, que ultrapassou os possíveis impactos da extensão da guerra para o banco americano. E com uma análise, em especial, seguida de um alerta.
“A Guerra Fria está de volta”, afirmou Dimon, em entrevista concedida à Bloomberg TV, em uma referência às “batalhas silenciosas” travadas entre os Estados Unidos e a União Soviética durante boa parte da segunda metade do século XX.
Diante desse cenário, ele observou: “Os aliados precisam se unir não apenas para fins militares, mas para fins globais, econômicos e estratégicos de investimento.”
Ao mencionar conflitos que se estenderam além do que se previa inicialmente, como as guerras do Vietnã e do Afeganistão, o executivo também afirmou que os mercados devem estar preparados para o fato de que a disputa entre Rússia e Ucrânia pode durar anos.
Sob essa ótica, Dimon ressaltou que essa questão representa um risco muito maior para a economia global do que as políticas em curso de elevação das taxas de juros. Para ele, tais medidas não são um “desastre” para a economia global, enquanto os efeitos potenciais da guerra são.
Ainda nesse ponto, o CEO do J.P. Morgan voltou a tecer comentários sobre o Federal Reserve (Fed). Na carta aos acionistas, há um mês, Dimon disse que o banco central americano precisaria aumentar as taxas de juros agressivamente para conter a maior inflação dos Estados Unidos em 40 anos. Agora, Dimon afirmou que a Fed está um pouco atrasado em implementar essa política.