Com o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) sinalizando que deve começar a cortar os juros a partir de setembro, a grande questão entre os economistas se concentra em qual será o ritmo do afrouxamento monetário.

Para Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2001, a queda dos juros precisa ser robusta, começando com um corte de 0,50 ponto percentual, uma vez que o Fed foi “longe demais, rápido demais” com o aperto monetário nos últimos anos.

Stiglitz disse em entrevista à CNBC nesta sexta-feira, 6 de setembro, que é importante para os Estados Unidos ter uma política monetária normalizada, além de destacar que não era saudável o país ter juros próximos de zero.

“Foi um erro ter juros tão baixos, por tanto tempo, desde 2008, mas, aí, eles foram além disso, para onde os juros estão e eu achei que isso colocou a economia em risco por poucos benefícios, provavelmente, inclusive, piorando a inflação, ironicamente”, afirmou.

Para o economista, quando se olha para as fontes da inflação americana, o que se vê é que um dos grandes componentes responsáveis pelo atual patamar é o mercado imobiliário, em que os preços subiram fortemente por conta da baixa oferta de imóveis.

“Você acha que aumentar os juros, tornando mais difícil para incorporadores construírem mais casas, para as pessoas comprarem mais casas, vai resolver a questão da menor oferta de imóveis?”, disse. “Eu acredito que eles [Fed] contribuíram para o problema da inflação.”

Stiglitz faz parte da minoria que acredita que o Fed deveria baixar os juros de forma acelerada. A maioria dos economistas e estrategistas espera que seja anunciado um corte de 0,25 ponto percentual nas reuniões marcadas para os dias 17 e 18 de setembro. Atualmente, os juros americanos estão entre 5,25% e 5,5%.

Mas ele não está só. Na quinta-feira, 5 de setembro, o economista-chefe do J.P. Morgan para os Estados Unidos, Michael Feroli, afirmou que o Fed deveria fazer um corte de 0,50 ponto percentual.

Em entrevista à CNBC, ele disse que existe um “bom caso” para o Fed retornar ao juro neutro “assim que possível”, afirmando que se a autoridade monetária esperar a inflação retornar até a meta de 2% para fazer um afrouxamento mais forte, “provavelmente eles esperaram tempo demais”.

“Embora a inflação ainda esteja um pouco acima da meta, o desemprego provavelmente está um pouco acima do que eles [Fed] consideram consistente com o pleno emprego”, afirmou. “Neste momento, existem riscos tanto para o emprego como para a inflação e podemos sempre reverter o curso se se verificar que um desses riscos está se desenvolvendo.”

Por enquanto, a tendência é de cortes mais moderados. Nesta sexta-feira, Cristopher Waller, diretor do Fed e uma das vozes mais influentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, o equivalente ao Copom), afirmou que “chegou a hora” de cortar os juros, ecoando a fala do presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, durante o simpósio de Jackson Hole, no fim de agosto.

Mas ele disse que o movimento precisa ser “cuidadoso”, pelo fato de os recentes dados indicarem que a economia está crescendo, ainda que a um ritmo mais modesto.

Para Waller, o Fed pode acelerar o corte dos juros, mas isso dependerá dos dados econômicos “e não por qualquer noção pré-concebida sobre como e quando o Fomc deveria agir”.