A dívida pública dos Estados Unidos tem crescido de forma acelerada nos últimos anos e deve atingir, até 2034, US$ 56,9 trilhões, de acordo com o Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês). O montante será 64% superior ao valor devido neste ano, que totaliza US$ 34 trilhões.

Jamie Dimon, CEO do J.P. Morgan desde 2005, o líder mais antigo de Wall Street, acredita que há uma solução para esse problema. E ela é muito simples: usar a “Regra Buffett”. Na prática, isso significa taxar os ricos com a mesma taxa aplicada aos cidadãos de classe média, ou até mesmo a uma porcentagem superior.

Em entrevista ao telejornal americano PBS News Hour, Dimon afirmou que essa iniciativa poderia controlar o endividamento desenfreado do país sem eliminar os seus gastos. Assim, seria possível reduzir a dívida e ainda investir nas iniciativas corretas.

A regra diz que nenhuma família com renda superior a US$ 1 milhão por ano pode pagar impostos sobre uma parte menor de sua renda do que os contribuintes de classe média. Ela recebe o nome do megainvestidor Warren Buffett, após ele criticar que pagava uma taxa de imposto inferior a da sua secretária.

"Eu gastaria o dinheiro sabendo que estou ajudando a tornar o país melhor. Parte disso poderia vir da infraestrutura, créditos fiscais de renda e também de militares," afirmou Dimon. "Assim, seria possível ter um sistema tributário nacional competitivo e, então, maximizar o crescimento."

Na visão do CEO, alguma coisa precisa ser feita. E ele pode ter razão. Se a dívida permanecer fora de controle em meio a altas taxas de juros, o governo enfrentará custos de empréstimos ainda mais elevados. Assim, na visão de especialistas, isso pode agravar os níveis de dívida do país e levar os EUA a uma possível quebra.

Dimon tem sido uma das vozes mais ativas em Wall Street a alertar sobre o problema, frequentemente dizendo que o endividamento ampliará a inflação e a pressão sobre as taxas de juros ao longo da próxima década.

Para Dimon, um possível corte de gastos só dificultaria a situação do país, já que seria difícil manter a sua força econômica sem dinheiro. “Isso é o que eu faria”, diz.

Fé na América

Em artigo publicado no Washington Post no início de agosto, intitulado “O próximo presidente precisa restaurar a nossa fé na América”, o CEO do banco falou do “confronto” entre Kamala Harris e Donald Trump.

Para ele, os Estados Unidos vivem um “tempo perigoso”, com os americanos profundamente divididos, o país enfrentando questões domésticas desafiadoras e, talvez, a “situação geopolítica mais complicada desde a Segunda Guerra Mundial”.

“Podemos estar em um ponto de inflexão que determinará o destino do mundo livre e democrático por décadas”, escreve ele.

Com 68 anos, o executivo vem sinalizando que está chegando a hora de encontrar um nome para substituí-lo, porém, não deixa de se preocupar com a agenda política do país. Ao longo de seu texto, Dimon não manifesta, porém, apoio a nenhum dos dois candidatos que devem dominar a disputa.

Mas o fato é que o executivo, pelo seu status no mercado, tem sido cortejado tanto pelo republicano quanto pela democrata para ocupar uma posição na Casa Branca.