O mix entre inflação mais baixa e melhora no mercado de trabalho levou o Itaú BBA a refazer parte de suas recomendações no setor bancário brasileiro.
Com o novo cenário, Santander e Banrisul entram para a lista de top picks, com recomendação de compra, enquanto BTG Pactual e Banco do Brasil perdem força, com avaliação neutra.
Na visão dos analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, o segmento de crédito é a melhor "aposta" do momento e o Santander se mostra preparado para aproveitar esse momento.
"O Santander tem limpado suas carteiras de crédito desde 2022, em termos de provisões e clientela, tornando-o mais preparado para acelerar neste ciclo", afirmam os especialistas, no relatório.
As iniciativas do banco, que incluem novas abordagens de mercado e atendimento ao cliente, já mostraram resultado no primeiro trimestre, principalmente na participação de mercado em segmentos como cartão de crédito, veículos e pequenas e médias empresas (PMEs).
"O banco também reconstruiu provisões para ações trabalhistas, que anteriormente impactavam os lucros, e que não devem mais ser uma preocupação na linha de 'outros custos'", apontam os analistas do BBA.
Com isso, o preço-alvo para as units do Santander está em R$ 33,00 - um upside de cerca de 25% sobre o preço atual de tela. No ano, o SANB11 recua 16,8%.
O banco espanhol entrou no lugar do BTG Pactual na lista de preferidos do Itaú BBA, levando em consideração que as novas previsões sobre a taxa Selic em 2024 e as incertezas fiscais podem afetar mais o mercado de capitais do que o crédito ao consumidor.
“Os spreads corporativos do banco se estreitaram significativamente e o momento de taxas mais altas não costuma ser positivo para a inadimplência”, escreveram os especialistas.
No longo prazo, os analistas afirmam que ainda gostam do papel do BTG e apostam em um aumento na participação de mercado nos próximos anos, acompanhando uma expectativa de juros mais baixos.
Com recomendação neutra, o preço-alvo do BTG é de R$ 35 - um ganho de 7% sobre o preço de tela. A unit BPAC11 está em queda de 12,7% no ano.
Crédito e agronegócio
Ao lado do Santander, o Banrisul também caiu no gosto dos analistas, levando em consideração que o mercado está exagerando ao se preocupar demais com o banco após a crise do Rio Grande do Sul.
“O portfólio de crédito do Banrisul é majoritariamente focado no agronegócio e em folha de pagamentos, segmentos que não foram afetados. Além disso, as atividades na região se restabeleceram de forma ágil e as medidas de apoio às companhias devem compensar um possível risco de crédito”, afirmam.
Para o BBA, os resultados do último trimestre do banco devem trazer mais clareza sobre como ele foi afetado pela tragédia, acarretando em novas avaliações por parte do mercado.
O Banrisul ocupa o lugar do Banco do Brasil (BB), que teve sua recomendação rebaixada para neutra. Com menos foco em pessoa física e mais em agronegócio e empresas, os analistas esperam que o BB sofra mais nos próximos meses.
“As questões de inadimplência no BB estão persistindo por mais tempo do que em seus pares, provavelmente devido à crescente carteira renegociada, e as provisões para o ano fiscal de 2024 devem exceder as orientações”, dizem os analistas.
“Além disso, os investidores estão cada vez mais sensíveis aos riscos políticos, o que pode dificultar a expansão dos múltiplos”, complementam os especialistas.
O preço-alvo da ação do Banrisul é R$ 17, uma valorização de mais de 40% para o papel BRSR6, que está em queda de 7,4% no ano. Já o preço-alvo do Banco do Brasil ficou em R$ 31 - um ganho de quase 20% para o papel BBAS3, que recua 4,2% no ano.