Desde que deixou o comando da Amazon, Jeff Bezos vem mostrando uma face até então pouco conhecida para quem acompanhou a trajetória do empresário que fundou e comandou a varejista americana durante 27 anos. Antes dono de um perfil mais reservado, Bezos agora coleciona polêmicas nas redes sociais.

A controvérsia mais recente veio na última sexta-feira, 13 de maio, em uma discussão no Twitter envolvendo o empresário e o presidente dos Estados Unidos Joe Biden a respeito da inflação americana, que subiu 0,3% em abril e alcançou 8,3% no acumulado de 12 meses. É o maior valor desde 1981.

Tudo começou quando Biden tuitou que empresas mais ricas deveriam pagar uma parte justa de impostos para reduzir a inflação. Bezos, por sua vez, acusou o presidente americano de espalhar desinformação.

“É bom discutir o aumento dos impostos corporativos. Domar a inflação é fundamental para se discutir. Juntar os dois [assuntos] é apenas desorientação”, escreveu Bezos.

O fundador da Amazon ainda sugeriu que a postagem de Biden fosse revisada pelo Disinformation Governing Board, órgão criado recentemente nos EUA para coibir a disseminação de desinformação.

No mesmo dia, Bezos usou a rede social para afirmar que os gastos de US$ 1,9 trilhão do programa econômico American Rescue Plan contribuíram para o aumento da inflação nos EUA e que a inflação é ainda mais prejudicial para a classe mais pobre.

Nesta segunda-feira, 16 de maio, a discussão saiu das redes sociais e a Casa Branca emitiu uma declaração em que insinua que Bezos poderia ter interesses pessoais em adotar uma postura contrária às estratégias do governo americano no combate à inflação.

“Não é necessário um grande esforço para descobrir por que um dos indivíduos mais ricos da Terra se opõe a uma agenda econômica para a classe média que reduz alguns dos maiores custos que as famílias enfrentam, combate a inflação a longo prazo e aumenta o histórico redução do déficit que o presidente está alcançando ao pedir aos contribuintes e corporações mais ricos que paguem sua parte justa”.

A nota assinada pelo porta-voz Andrew Bates também diz que “não é surpreendente que esse tuíte venha depois que o presidente se reuniu com trabalhadores sindicalizados, incluindo funcionários da Amazon”. Nos últimos meses, a varejista americana vem enfrentando problemas com sindicatos criados por funcionários.

Bezos respondeu aos pronunciamentos oficiais novamente utilizando o Twitter. O empresário novamente acusou o governo americano de tentar gerar confusão sobre o assunto. “Eles sabem que a inflação prejudica mais os mais necessitados. Mas os sindicatos não estão causando inflação, nem as pessoas ricas”, escreveu.

A postagem de Bezos mais recente sobre o assunto ainda menciona que “o governo [dos Estados Unidos] fez o possível para adicionar outros US$ 3,5 trilhões aos gastos federais. Eles falharam, mas se tivessem conseguido, a inflação seria ainda maior do que é hoje”.

Bezos x Musk

Esta foi a segunda vez em menos de um mês que Bezos se envolve em alguma polêmica a partir de seus posicionamentos em redes sociais. No fim do abril, ele utilizou o Twitter para comentar a compra da rede social por Elon Musk – que dias depois foi suspensa temporariamente pelo próprio Musk.

Na postagem feita em 26 de abril, Bezos compartilhou uma publicação do repórter Mike Forsythe, do jornal americano The New York Times, que detalha a importância do mercado chinês para o crescimento da operação da Tesla, a fabricante de carros elétricos comandada por Musk.

A publicação original informava que a China não tinha qualquer influência sobre o Twitter desde 2019, já que a rede social não pode ser acessada no país. Musk poderia reverter este veto e utilizar plataforma para impulsionar seus outros negócios – inclusive a Tesla. “Pergunta interessante. O governo chinês acabou de ganhar um pouco de influência sobre a praça digital?”, escreveu Bezos na rede social.

O termo praça da cidade faz alusão a um comentário anterior de Musk feito na rede social e que dizia que “a liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento e o Twitter é a praça digital onde os assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos”.

Por fim, Bezos respondeu a própria pergunta afirmando que provavelmente isso não aconteceria (o governo chinês ganhando influência sobre o Twitter). “O resultado mais provável é a complexidade na China para a Tesla, em vez de censura no Twitter”.

Sobrou até para Leonardo DiCaprio

Num episódio em novembro do ano passado – com um tom mais de brincadeira –Musk ganhou as manchetes de tabloides no mundo inteiro após uma publicação que provoca o ator americano Leonardo DiCaprio.

Na ocasião, Musk tuitou uma foto em que aparece apoiado em uma placa com os dizeres “penhasco íngreme” e “queda fatal”. A legenda da imagem diz “Leo, venha aqui. Eu quero te mostrar algo...”.

A publicação teria sido feita após os tabloides noticiarem uma suposta “ameaça” de Bezos após um vídeo mostrar a jornalista Lauren Sanchez, sua namorada na época, olhando fixamente para a estrela do filme Titanic durante uma festa. Bezos estava ao lado de Sanchez.