Depois de idas e vindas, com direito a acusações de fraco combate a bots e uma parada nos escritórios de advogados, Elon Musk parece estar novamente disposto a fechar um acordo para adquirir o Twitter. E com uma grande surpresa: pelos mesmos termos apresentados em abril.
Segundo informações trazidas inicialmente pela agência de notícias Bloomberg, e, posteriormente, pelo The Wall Street Journal, o bilionário à frente da Tesla e da SpaceX mudou de opinião e decidiu recolocar na mesa a proposta de pagar US$ 54,20 por ação, em uma operação que avalia a empresa em cerca de US$ 44 bilhões.
As informações estão impulsionando as ações do Twitter. Por volta das 16h41, os papéis da rede social subiam 21,42% na Bolsa de Nova York, a US$ 51,65. No ano, elas acumulam alta de 16,2%, levando o valor de mercado da rede social a US$ 39,6 bilhões.
A mudança de ideia foi apresentada pelos advogados do empresário em carta enviada aos advogados do Twitter na segunda-feira, dia 3 de outubro. A intenção também foi informada ao Tribunal que cuida do litígio entre as partes e que havia marcado uma audiência a respeito do caso para esta terça-feira, 4 de outubro.
As partes discutem agora como assegurar que a aquisição seja fechada. A juíza que cuida do caso, Kathaleen McCormick, determinou que os advogados apresentem até o final do dia um possível plano que permita colocar um ponto final no caso, segundo uma fonte ouvida pelo The Wall Street Journal.
Caso as partes consigam concordar nos termos desse plano, elas evitarão um duro e difícil julgamento, marcado para começar em 17 de outubro, e abrirão caminho para que a compra seja fechada nos próximos dias, numa vitória para a rede social.
Não está claro o que motivou Musk a mudar de ideia em relação à compra do Twitter, nem se ele de fato seguirá com a proposta. Ele tentou atrasar o julgamento, mas a juíza do caso rejeitou o pedido, afirmando que isso resultaria em um “dano irreparável” para o Twitter.
A magistrada permitiu que Musk e seus advogados anexassem ao processo algumas acusações feitas pelo ex-chefe de segurança do Twitter, Peiter Zatko. Mais conhecido pelo apelido Mudge, ele afirma que o Twitter ocultou deliberadamente falhas de segurança e mentiu a respeito dos esforços para combater contas falsas.
Musk decidiu encerrar o acordo para a compra do Twitter afirmando justamente que a empresa não forneceu, entre outros dados, informações sobre as contas falsas na rede social e por ter violado diversos termos do contrato.
Desde o fim de abril, quando anunciou que sua proposta foi aceita pelo Twitter, Musk vinha ameaçando encerrar a transação se a empresa não apresentasse provas de que as contas falsas e ligadas a bots representavam menos de 5% dos usuários da plataforma.
Diante dessa decisão, o Twitter decidiu processar Musk para forçá-lo a seguir com a aquisição. A companhia negou as acusações de que os números de bots e contas falsas estavam sendo distorcidos e alegou que o empresário estava em busca de uma desculpa para não concretizar a compra.
Em setembro, os acionistas do Twitter aprovaram os termos da oferta original.