O Google está anunciando as 10 primeiras startups investidas de seu segundo fundo do Black Founders Fund, que é dedicado a aportar recursos em empresas fundadas por empreendedores e empreendedoras negros e negras. As escolhidas foram Baruk, Damch, De Benguela, Easy B2B, Erah, HartB, naPorta, Trampay, Ubots e Uppo.
Lançado em 2020, o primeiro fundo tinha R$ 5 milhões e investiu em 33 startups. O segundo, divulgado no começo deste ano, conta com R$ 8,5 milhões e deve alocar recursos entre 25 e 30 startups.
“Nunca lideramos uma rodada”, diz André Barrence, head do Google for Startups para a América Latina, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais gestores de venture capital e private equity do Brasil. “O principal objetivo do fundo não é gerar retorno financeiro, mas emprestar nossa credibilidade para destravar outras possibilidades.”
Um exemplo é que no primeiro fundo as empresas que captaram recursos com o Google conseguiram R$ 43 milhões adicionais com outros investidores. Nos aportes, em geral, o Google faz um aporte que corresponde a uma fatia que varia entre 10% e 15% da rodada, mas não fica com participação acionária da startup.
A seleção dessa vez trouxe para o portfólio do Google a Baruk, que desenvolve um software com uso de inteligência artificial para negócios; a Damch, desenvolvedora de soluções que auxiliam empresas a crescerem; e a naPorta, uma logtech faz entregas das compras online feitas por moradores de comunidades e regiões com restrição.
Apesar de não haver uma tese de investir em um determinado setor, Barrence diz que há algumas áreas que são estratégicas para o Google. Uma delas são os serviços financeiros (fintechs). Outra é a de varejo. Saúde e educação também estão no radar. “No primeiro fundo, investimos na AfroSaúde, que conecta negros a profissionais de saúde mental, e nos tornamos clientes deles”, afirma Barrence.
O plano de investir em startups fundadas por empreendedores e empreendedoras negros e negras surgiu depois de uma pesquisa com a comunidade do Google for Startups, que reúne mais de 160 mil pessoas e tem um campus físico em São Paulo.
Feita em 2020, a pesquisa mostrou que havia 10 vezes mais fundadores não negros que se dedicam integralmente as suas startups do que negros. Além disso, os fundadores não negros tinham 57 vezes mais capital do que os empreendedores negros. Outro dado que a pesquisa do Google coletou é que não havia, na sua base, nenhum investidor que se declarava negro.
“Identificamos que havia uma lacuna na questão de acesso de capital”, diz Barrence. “E é necessária uma busca ativa e intencional. Não acontece, como em outros fundos, em que há um deal flow que naturalmente bate à sua porta.”
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo abaixo, Barrence explica também como surgiu o Google for Startups, dá mais informações sobre o Black Founders Fund e sua tese de investimento e analisa o que tem sido feito no ecossistema brasileiro de empreendedorismo para mover o ponteiro da diversidade.
Assista a mais um episódio do Café com Investidor: