Enquanto Elon Musk dedicava sua atenção ao Twitter, investidores que apostam contra a Tesla via operações de venda a descoberto, os famosos shorts, estão prestes a ter um ganho coletivo de US$ 15 bilhões em 2022.
A estimativa é da consultoria S3 Partners, segundo o jornal The Wall Street Journal, diante do movimento que as ações da montadora de carros elétricos registrou até o momento em 2022.
No acumulado do ano, as ações da Tesla registram queda de 61%, afetadas pelo movimento de elevação das taxas de juros nos Estados Unidos e no mundo. O aperto monetário para combater a inflação prejudicou ações de empresas classificadas como growth.
Muitos investidores também começaram a se preocupar que Musk está deixando de lado a Tesla enquanto concentra sua atenção no Twitter, que ele adquiriu no final de outubro numa operação que totalizou US$ 44 bilhões.
O foco e ímpeto é tamanho que Musk vendeu mais de US$ 39 bilhões em ações da montadora desde novembro de 2021, visando utilizar parte dos recursos para financiar a aquisição do Twitter. Na semana passada, inclusive, ele vendeu mais de US$ 3,5 bilhões em ações da Tesla.
Em meio a essas críticas, e de uma enquete que realizou no Twitter, o bilionário anunciou na terça-feira, 20 de dezembro, que deixará o comando do Twitter assim que encontrar um substituto.
O ganho previsto com os shorts em Tesla representa uma vitória para aqueles que há anos apostam na queda dos papéis, mas viram as ações da montadora engatar um período de ganhos a partir do começo de 2020.
Há dois anos, as ações da Tesla eram negociadas a US$ 30, depois de passar por um desdobramento no começo de 2020. Em novembro de 2021, elas atingiram o pico, cotadas acima de US$ 400.
Seu valuation chegou a estar na casa dos US$ 1,2 trilhão, fazendo com que se tornasse uma das empresas mais valiosas do mundo. Atualmente, seu valor de mercado é de US$ 438,5 bilhões.
Durante este movimento de alta, muitos dos que apostaram contra a Tesla tiveram que encerrar a posição e assumir os prejuízos. Os cálculos da S3 apontam que o prejuízo coletivo dos investidores que realizaram vendas a descoberto com ações da Tesla entre 2020 e 2021 totalizou US$ 51 bilhões.
Os papéis da Tesla estão entre aquelas mais “shorteados” no mercado dos Estados Unidos. Essas posições totalizaram mais de US$ 51 bilhões em janeiro de 2021, recuando para US$ 19,3 bilhões ao final deste ano, segundo a S3.
Cerca de 3% das ações da Tesla em circulação no mercado são utilizadas atualmente em operações de short, abaixo dos 10% registrados em 2020. Musk já chegou a chamar quem aposta contra a empresa como "destruidores de valor", defendendo a proibição de shorts.
Para aqueles que realizaram esses tipos de operações, as ações da Tesla estão muito caras diante de seus fundamentos e o aumento da concorrência no setor de carros elétricos.
Segundo a consultoria FactSet, os papéis estão sendo negociados com um preço/lucro (P/L) de 46,7 vezes nos últimos 12 meses. Para efeito de comparação, o S&P 500 é negociado a um múltiplos de 18,1 vezes.
Quem admite que realiza short com ações da Tesla é Danny Moses, investidor que ficou conhecido por suas apostas contra o mercado imobiliário americano antes da crise financeira de 2008 e que foi retratado no filme “The Big Short”, em 2015.
Em entrevista ao site CNBC, ele afirmou que mantém a posição e espera que a ação da Tesla caia mais. “Eu não acho que os fundamentos justificam o valuation”, disse. “Acredito que muito do preço da ação é baseado na marca e estamos vendo isso sendo um pouco mais atingido.”
Há, inclusive, uma especulação de que Bill Gates, cofundador da Microsoft, está entre aqueles realizando vendas a descoberto com as ações da Tesla. Em uma série de tuítes no começo do ano, Musk acusou Gates de realizar um short de US$ 500 milhões com ações da Tesla.
Questionado pelo WSJ em evento do jornal em maio, Gates não respondeu se estava pessoalmente envolvido com a operação.
Por volta das 13h05, as ações da Tesla registram alta de 0,63%, US$ 138,67