A primeira passagem de Bob Iger pelo comando da Disney, entre 2005 e 2020, foi majoritariamente marcada pelo sucesso dos parques temáticos, onde visitantes gastam o dia se movimentando em busca de atrações.
Para ele, a conexão e a proximidade são valiosos, algo que a pandemia da Covid-19 havia retirado das pessoas. Agora, de volta ao cargo de CEO da empresa de mídia e entretenimento, Iger quer reaproximar seus funcionários e pede a redução da jornada híbrida de trabalho.
Em mensagem enviada aos funcionários, o CEO da Disney quer estabelecer uma nova rotina. A presença nos escritórios corporativos passará a ser de quatro dias na semana a partir de 1º de março.
“Como você já me ouviu dizer muitas vezes, a criatividade é o coração e a alma de quem somos e do que fazemos na Disney. E em um negócio criativo como o nosso, nada pode substituir a capacidade de conexão, observação e criação com colegas que estão fisicamente juntos, nem a oportunidade de crescer profissionalmente aprendendo com líderes e mentores”, diz um trecho do e-mail obtido pela rede CNBC.
Outras grandes empresas, que também haviam aderido ao home office durante a pandemia, passaram por um processo semelhante de volta aos escritórios. A Apple tem imposto entre dois e três dias por semana para suas equipes. Ao comprar o Twitter, Elon Musk exigiu cinco dias de presença do seu time.
A nova política da Disney é uma tentativa do CEO de recolocar a companhia no caminho do crescimento. Os resultados do grupo no terceiro trimestre de 2022 foram decepcionantes para os analistas, que esperavam números mais robustos. A receita de US$ 20,2 bilhões no período foi 9% maior do que a do ano anterior, mas os especialistas calculavam que a empresa geraria US$ 21,3 bilhões.
São esses ajustes que o CEO precisa fazer. Quando passou o bastão para Bob Chapek, em 2020, Iger cobriu o sucessor de elogios e garantiu que o futuro da companhia estava em boas mãos. Ao reassumir o controle, ele se mostra um crítico dos caminhos escolhidos para a produção criativa da Disney. E, na visão dele, a mudança só é capaz de dar certo se as pessoas estiverem diariamente juntas.
O desafio de Iger é entender a rápida mudança que tem mexido com a monetização tradicional da mídia. Com as assinaturas caminhando cada vez mais para o streaming, é preciso consertar o rumo do Disney+ e fazer com que essa unidade de negócio da empresa dê lucro. Embora tenha escalado rapidamente na pandemia e encostando no número de assinantes da Netflix, que detém 223 milhões ante 164 milhões da Disney+, o prejuízo ainda é bilionário. No terceiro trimestre, o rombo foi de US$ 1,5 bilhão.
Entre as mudanças promovidas nesses dois meses de sua volta à Disney, Iger já mexeu no orçamento daqueles que selecionam os projetos criativos. Agora, quer mexer na rotina deles. Tudo para devolver o encanto para a Disney, cujo valor de mercado é de US$ 173 bilhões, mas a ação está em queda de 40% em 12 meses.