Na noite de segunda-feira, 9 de janeiro, o GPA anunciou a aprovação pelo seu Conselho de Administração da proposta de redução do seu capital social por meio da entrega de ações detidas no grupo Éxito, sua unidade colombiana, como parte do processo de cisão das duas operações.

Poucas horas depois, na manhã do dia seguinte, a varejista brasileira realizou uma conferência com analistas para fornecer mais detalhes sobre a transação. E o grupo também aproveitou a call para falar um pouco sobre seus planos de desalavancagem e cravar uma meta nessa frente.

“Estamos olhando para uma desalavancagem gradual do GPA”, afirmou aos analistas Guilhaume Gras, CFO e vice-presidente de relações com investidores do grupo. “Nós queremos chegar a uma dívida líquida próxima de R$ 1 bilhão em 2023 e zerar a dívida líquida em 2024.”

O GPA encerrou o terceiro trimestre de 2022 com uma dívida líquida de R$ 3,9 bilhões e uma alavancagem de 1,7 vez. E, segundo o executivo, a companhia fechou o ano com aproximadamente R$ 2 bilhões de dívida líquida. O Carrefour, sua principal concorrente, encerrou o mesmo período com dívida líquida de R$ 13,2 bilhões e uma alavancagem de 1,95 vez.

De acordo com Gras, o plano para concretizar essa projeção nos próximos dois anos tem como um de seus principais motores a venda de ativos non core da operação, como propriedades imobiliárias e postos de combustíveis.

“Esses ativos representam entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão em valor”, observou Gras. “Esperamos poder vender, neste ano, entre meio bilhão e R$ 1 bilhão. E temos ainda a nossa participação remanescente no Éxito, de 13,3%. Vamos ver como o mercado vai precificar.”

Nesse ponto, o CFO recorreu à máxima de que a soma das partes é maior que o todo e voltou a ressaltar que o racional do spin-off visa precificar melhor cada ativo, destravando o valor das duas companhias e dando mais foco e autonomia às suas respectivas gestões.

“Estamos vendo que o mercado parece subvalorizar de maneira significativa os dois ativos”, destacou Gras. “E essa transação também permite aumentar o floating do grupo Éxito e o nível de liquidez do ativo graças à listagem em três regiões: Bogotá, São Paulo e Nova York.”

Na proposta aprovada ontem pelo board do GPA, a redução de capital do GPA no valor de R$ 7,1 bilhões se dará por meio da entrega de 1,08 bilhão de ações ordinárias de emissão do Éxito de propriedade do GPA, equivalentes a 86,3% da fatia que o grupo brasileiro detém no ativo.

Com a conclusão do spin-off, o GPA terá uma participação remanescente de 13,3% na operação, enquanto o Casino ficará com 34,1%. “O mercado passará a ter 52,6%, ampliando o floating atual de 3,5%”, acrescentou Gras.

Aos detentores das ações de emissão do GPA, as ações do Éxito serão distribuídas por meio de BDRs nível II do Éxito. Já para os detentores de ADRs do GPA, a distribuição acontecerá na forma de ADRs nível II do Éxito, lastreados em ações ordinárias de emissão do grupo colombiano a serem negociados na Bolsa de Nova York.

A proposta será submetida à aprovação de acionistas do GPA em assembleia a ser realizada no próximo dia 14 de fevereiro. Na sequência, o processo envolverá um prazo de 60 dias para eventuais oposições de credores do GPA. A estimativa é de que as ações sejam distribuídas a partir de abril.

Em 2023, as ações do GPA acumulam uma valorização superior a 5%. Já nos últimos 12 meses, os papéis recuaram 9,8%. Na manhã dessa terça, eles estavam sendo negociados com alta de 3,26% por volta das 10h15. O grupo está avaliado em R$ 4,7 bilhões.