Quatro meses desde a sua volta ao cargo de CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior vem traçando as primeiras iniciativas para colocar a companhia nos trilhos e prepará-la para crescer nos próximos anos, os primeiros desde que deixou de ser estatal, em junho de 2022.
Durante painel no Latin America Investment Conference (Laic), evento promovido pelo Credit Suisse na quarta-feira, 1º de fevereiro, Ferreira Júnior compartilhou alguns dos pontos do processo de revisão estratégica da companhia, previsto para ser concluído em março.
Segundo ele, o plano deve girar em torno de dois pontos: redução de custos e ganhos de eficiência operacional.
Pelo lado dos custos, estão previstas iniciativas como a centralização de processos e também a diminuição e renovação do quadro de funcionários. “No curto prazo, a ideia não é ser a maior, mas a empresa de energia com menor custo”, disse.
A Eletrobras lançou, em outubro do ano passado, um Plano de Demissão Voluntária (PDV), obtendo a adesão de 90% dos elegíveis, a maioria de funcionários aposentados. Ferreira Júnior disse que um novo programa deve ser divulgado ainda este ano.
Além do enxugamento da folha de pagamento, as demissões visam abrir espaço para funcionários mais jovens, que possam “oxigenar” a companhia.
“Quando a gente olha o quadro de funcionários, ele está envelhecido, fruto de uma estatal que não realiza novas contratações desde 2009”, disse Ferreira Junior. “A pessoa mais nova tem 39 anos. E eu brinco que não tem ninguém na companhia com tatuagem.”
A chegada de funcionários mais jovens visa também ajudar na implementação de uma agenda de modernização. “Para investirmos em tecnologia, ESG, precisamos trazer gente jovem”, disse.
Outra prioridade estabelecida por Ferreira Junior para a Eletrobras é a questão da comercialização de energia, diante dos últimos movimentos do governo para liberar a entrada de um número cada vez maior de empresas no mercado livre de energia.
Segundo ele, a companhia está estruturando uma área para tratar da comercialização diretamente com o consumidor final, embora o plano também prevê a manutenção das relações com intermediários.
O avanço da comercialização ocorre junto com o fim do regime de cotas, que ocorrerá nos próximos cinco anos, com a descotização de 14 mil megawatts.
Com valor de mercado de R$ 97,9 bilhões, a ação da Eletrobras estava em queda de 1,5% no fim da manhã de quarta, 1º. Em 12 meses, o papel acumulava alta de 29,5%.