Depois de levantar R$ 250 milhões em um IPO no fim do ano passado, o primeiro fundo de investimento imobiliário da Canuma Capital anunciou nesta quarta-feira, 22 de fevereiro, a aquisição de seus dois primeiros imóveis, por um total de R$ 106,9 milhões.
Os imóveis, chamados Kasa e Selina, estão localizados em São Paulo e totalizam 371 unidades e quase 12 mil metros quadrados de área privativa. De acordo com o material que acompanha o fato relevante, o Kasa é destinado para locações residenciais de média e longa duração. Já o Selina está locado à operadora do setor hoteleiro Selina pelo prazo de 20 anos.
Do montante total, R$ 13 milhões foram desembolsados hoje ao vendedor. O fato relevante não informa o nome do dono anterior dos dois imóveis, mas o NeoFeed apurou que se trata da incorporadora Gamaro.
Uma parcela de R$ 48,9 milhões será repassada após superadas condições precedentes e outra de R$ 45 milhões será paga em até 12 meses do pagamento da segunda parcela.
No material que acompanha o fato relevante, a Canuma informou que a transação pode ter um retorno esperado (TIR nominal) de 16,6% ao ano. Ela também destacou que as operações possuem potencial de ganho de capital no médio prazo.
Segundo ele, o valor de compra do Kasa em relação aos valores de aquisição e avaliação patrimonial dos FIIs residenciais comparáveis apresentam uma diferença de cerca de 40%.
Além disso, o preço de aquisição representa desconto 35% em relação aos imóveis prontos da região, no bairro da Vila Olímpia, e um potencial de melhora operacional devido a diferença de 15% no valor de alugueis.
No caso do Selina, localizado no centro da cidade, a Canuma informou que o preço de aquisição do Selina foi 88% abaixo dos lançamentos da região. A rentabilidade será proveniente do aluguel do imóvel.
A aquisição dos dois imóveis dá sequência aos planos da gestora de fechar 2023 com um patrimônio líquido entre R$ 750 milhões e R$ 1 bilhão. Os valores representam um forte salto para a casa, fundada em 2021 por Marcelo Vainstein, ex-Chief Investment Officer (CIO) da Brookfield. Tendo o BTG Pactual como acionista minoritário, a gestora conta atualmente com um patrimônio líquido de R$ 320 milhões.
Esta foi a primeira operação de compra de ativo direto feita pelo FII da Canuma, desde que levantou R$ 250 milhões em seu IPO, em outubro do ano passado, via Instrução 476. Antes, o fundo tinha feito uma série de aquisições de títulos de crédito.
O mandato do Canuma Multiestratégia é discricionário, possibilitando investimentos em uma série de ativos, desde crédito estruturado até ações de empresas e ativos diretos, como foi o caso desta operação.
Em conversa com o NeoFeed em novembro do ano passado, Vainstein demonstrou otimismo com as perspectivas do mercado imobiliário brasileiro. “O mercado em 2023 vai abrir, não tenho dúvida alguma”, disse ele. “Vamos ver um mercado muito diferente do que em 2022.”
Além das operações com o FII, a Canuma planeja agregar uma série de produtos ao seu portfólio, para alcançar a cifra bilionária em patrimônio, além do que já tem na prateleira, como é o caso de seu fundo internacional, o Reits EUA.
Uma das novidades previstas é um fundo para atuar em private equity, para adquirir ativos imobiliários. Seu lançamento, porém, depende da velocidade da queda da Selic, segundo Vainstein.
O segundo é um fundo de previdência privada, em que 80% dos recursos serão investidos em renda fixa e o restante em ativos imobiliários no Brasil ou nos Estados Unidos. A Canuma já conta com autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep).