Em meio a um cenário de mudanças aceleradas e profundas transformações tecnológicas, o tema da educação corporativa vem ganhando muita força entre as empresas, representando uma enorme oportunidade para as edtechs.
De olho nesse mercado, que estima movimentar cerca de R$ 20 bilhões ao ano, e querendo ser uma das três maiores empresas do segmento em um ano, o Grupo Exame está reforçando seu braço de educação, a Exame Academy, com a aquisição da plataforma de educação corporativa Witseed, anunciada na quinta-feira, dia 6 de abril.
“O segmento de educação corporativa é muito importante, cresce bastante”, diz Renato Mimica, co-CEO do Grupo Exame, ao NeoFeed. “A Witseed é o melhor nome do ponto de vista de construção de produto, sendo que ela será o grande ‘cavalo’ para consolidarmos esse segmento de educação corporativa.”
Os termos financeiros da transação não foram revelados. Segundo Mimica, a operação envolve mecanismos de remuneração de curto e longo prazo aos sócios da Witseed, visando um alinhamento e engajamento deles no projeto de educação da Exame.
Fundada no final de 2017, a Witseed conta com mais de 40 mil alunos e 130 cursos, com conteúdos segmentados sobre liderança, soft skills, diversidade, ESG e tecnologia, utilizando recursos de cinema inteligência artificial para conseguir entregar conteúdos que sejam atrativos e que engajem os alunos. Entre seus clientes estão nomes como Vale, Natura e Gerdau.
O acordo prevê que Bruno Leonardo, fundador e CEO da edtech, assuma a vertical de educação corporativa dentro da Exame Academy. Segundo ele, a chegada na Exame vai permitir que a Witseed chegue a um número maior de empresas e startups.
“Temos uma solução escalável, que atinge milhares de pessoas dentro da empresa, entregando continuamente novos conteúdos com o que está sendo debatido nas empresas”, diz Leonardo. “Tivemos crescimento relevante nos últimos anos, mas entendemos que a Exame nos dá um potencial de escala absurdo, uma marca, um canal de distribuição e capital para acelerarmos esse alcance”, afirma Leonardo.
Com quase três anos de existência, a Exame Academy vinha se concentrando em produtos focados no B2C, com uma atuação tímida em educação corporativa, muito focada no tema ESG. Entre alunos atuais e que realizaram cursos ao longo dos últimos três anos, a Academy teve 50 mil pessoas.
A marca Exame, que nasceu como uma revista de negócios, tem caminhado cada vez mais para o lado educacional. Tanto que Mimica projeta que, na parte de educação corporativa, ela pode ser uma das três maiores em um ano.
No entanto, a competição é acirrada. Empresas como StartSe, HSM e G4 estão consolidadas como referência no segmento corporativo por mais que esse mercado ainda seja pulverizado. Segundo mapeamento feito pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups) em parceria com a Deloitte e a AWS EdStart, a quantidade de edtechs no Brasil cresceu 44% entre agosto de 2020 e outubro de 2022, para 813 empresas, sendo que 70% são voltadas para soluções para o B2B.
“Esse é um mercado com muitos players, uma barreira de entrada relativamente baixa, mas de permanência alta porque é muito fácil para uma empresa gravar cursos, entrar em companhias menores e vender vídeos”, diz Mimica. “Nosso posicionamento é de diferenciação de produto, há uma oportunidade muito grande para alguém que vem com produto inovador, de qualidade, que traz engajamento.”
Segundo Mimica, há dois anos a Exame vem mapeando players para conseguir se inserir no mercado de educação corporativa, até verem que a Witseed atendia a uma série de pontos que consideravam importante.
“Vimos um produto muito bacana, uma plataforma de educação que já utilizava inteligência artificial para recomendação de conteúdos, tem uma plataforma com mais de 100 cursos gravados para corporações e mesmo sendo jovem tem uma carteira de clientes premium”, afirma o executivo.
Com uma plataforma de educação corporativa no portfólio, o desafio da Exame é executar sua ambiciosa estratégia de crescimento, considerando que o mercado ganhou muitos nomes nos últimos anos.