Quando a Boeing imaginava que os problemas das aeronaves 737 MAX tinham ficado no passado, ela se vê obrigada a paralisar as entregas do modelo. Mas, dessa vez, a culpa não é dela.
A fabricante de aviões informou que a Spirit AeroSystems utilizou um processo "não convencional" ao montar parte da fuselagem dos aviões, gerando a possibilidade dos modelos não cumprirem certas especificações dos reguladores do setor, segundo o jornal Financial Times.
De acordo com a Boeing, a situação não prejudica a segurança dos 737 MAX em operação e que possuem tal parte de fuselagem, mas destacou que a questão "provavelmente afetará um número significativo de aeronaves MAX, tanto as que estão em produção quanto em estoque".
"Nós esperamos um nível menor de entregas de aviões 737 MAX no curto prazo", completa a nota divulgada pela empresa. Ela não informou quantas aeronaves foram afetadas pelo problema, nem os custos e o tempo que levará para corrigir o problema.
A notícia foi mal recebida pelos investidores. As ações da Boeing fecharam o dia com queda de 5,56%, a US$ 201,71 e os papéis da Spirit AeroSystems recuaram 20,73%, a US$ 28,22.
O problema representa mais um contratempo para a Boeing, que está se reerguendo da crise provocada pela queda de dois aviões 737 MAX entre o final de 2018 e 2019, resultando na morte de 346 pessoas e na interrupção das operações da quarta geração da família 737 por cerca de 20 meses.
As aeronaves foram liberadas para operar completamente em novembro de 2020, mas o episódio manchou a reputação da Boeing e pesou por muito tempo sobre os resultados financeiros.
Como se não bastasse, a empresa foi duramente afetada pela pandemia de Covid-19, que reduziu significativamente suas encomendas. A Boeing também se viu obrigada a paralisar as entregas do modelo 787 Dreamliner no começo deste ano por conta de problemas na documentação enviada para as autoridades dos Estados Unidos.
No quarto trimestre, a Boeing registrou um prejuízo de R$ 663 milhões, uma melhora em relação à perda de US$ 4,1 bilhões do mesmo período de 2021. A empresa fechou o ano passado com prejuízo de US$ 5 bilhões, um aumento de 17,8% em base anual.
No começo da semana, a Boeing informou que entregou 52 aviões MAX para 13 clientes diferentes em março. É um dos melhores resultados desde que o modelo voltou a operar, após a companhia ter consertado o sistema de controle automatizado de estabilização, o MCAS, apontado como culpado pela queda dos dois aviões.
Em nota ao NeoFeed, a Boeing informou que o problema não afeta o cronograma de entregas de aeronaves e "não tem impacto em nossas perspectivas de entrega."