A criatividade no ecossistema de agtechs está em constante ebulição. Eles não param. Na virada dos anos 1990 para 2000, o americano Dickson Despommier, professor emérito da Universidade Columbia, lançou o conceito de agricultura vertical.
Desde então, edifícios, contêineres e galpões mundo afora passaram a abrigar torres de até 15 metros de altura, onde se plantam verduras, legumes e frutas – um mercado avaliado em US$ 3,5 bilhões, que deve chegar a US$ 24 bilhões, em 2030, nos cálculos da consultoria Allied Market Research.
Agora é a vez das microfazendas verticais, baseadas em computação em nuvem. Compactos, do tamanho de uma grande máquina de venda automática, os novos sistemas não se destinam à produção de larga escala, mas a um cultivo, digamos, mais intimista. Agrião, alface, rúcula, tomate e morangos cultivados na cozinha dos restaurantes, das escolas e universidades, dos hospitais e asilos, dos hotéis e resorts, das grandes corporações...
Uma representante da nova tendência agrícola é a americana Babylon, fundada em 2017, em Richmond, na Virgínia. A agtech acaba de levantar US$ 8 milhões em uma rodada de série A, liderada pela Venture South, com participação da Virginia Venture Partners, Hull Street Capital e New Theory Ventures. Com o aporte, o total captado pela empresa chega a US$ 19,1 milhões, conforme dados da plataforma Crunchbase.
No ano passado, a companhia lançou a Galleri, a primeira microfazenda vertical do mundo baseada em nuvem. Diferentemente dos empreendedores do setor, Alexander Olesen e Graham Smith, os fundadores da startup, não cultivam nada. Eles equipam outras empresas com a tecnologia e a estratégia para plantar alimentos indoor.
Ao custo de US$ 15 mil, cada estação tem capacidade para produzir 24 quilos de folhosas por mês, pela técnica da hidroponia. Ou seja, em vez de terra, a nutrição das plantas acontece por meio de uma solução aplicada diretamente nas raízes.
A plataforma BabylonIQ faz o gerenciamento remoto de toda a rede de microfazendas, programando o plantio e a colheita e reordenando os suprimentos, quando necessário. Com isso, não é preciso enviar, semanalmente, um técnico para verificar as condições de cada cultivo.
“O sistema inclui, por exemplo, uma ferramenta que nos permite visualizar as fazendas em tempo real e realizar a manutenção preditiva”, diz Olesen, que também é o CEO da empresa. “Esta é uma inovação tecnológica chave que precisava ser conquistada para tornar as pequenas fazendas modulares internas bem-sucedidas.”
As instalações da Babylon estão, segundo os fundadores da agtech, em cerca de 150 locais, em empresas dos mais diferentes setores. Entre seus clientes estão nomes como Sodexo, Ikea, Neiman Marcus, Aramark e LinkedIn.
Em janeiro passado, graças a uma parceria com a MSC, a startup foi a primeira empresa de agricultura vertical do mundo a embarcar em um navio de cruzeiro e cultivar ervas e verduras a bordo. Imagine uma salada ultrafresca, colhida na hora, em pleno alto mar.