Nos últimos anos, o Magazine Luiza não tem economizado para construir diversos tentáculos no entorno do seu negócio tradicional no varejo. Em 2002, muito antes desse movimento, a empresa adicionou a oferta de seguros a esse pacote, por meio de uma parceria com a BNP Paribas Cardif.
Três anos depois, a parceria evoluiu para uma joint venture, batizada de Luizaseg e válida inicialmente por dez anos e, na qual, cada parte detinha uma fatia de 50%. A operação foi renovada em 2015, pelo mesmo período e, agora, passa a contar com novos termos que, de quebra, vão reforçar o caixa da varejista.
Em fato relevante divulgado na quinta-feira, 11 de maio, o Magazine Luiza anunciou um novo acordo com a seguradora do grupo francês, que inclui a extensão da parceria para a oferta de seguros até dezembro de 2033, além do lançamento de produtos, especialmente nos canais digitais da rede.
Além de manter as condições de pagamentos mensais de comissões ao Magazine Luiza no decorrer desses dez anos, o novo contrato fechado entre as duas partes prevê a entrada de um total de R$ 1,01 bilhão no caixa da varejista.
Esse montante inclui o recebimento, em até 30 dias, de R$ 850 milhões pela exclusividade na venda de seguros da parceira. Durante a vigência do contrato, a varejista ainda poderá ter acesso a pagamentos adicionais sob esse modelo, de acordo com o cumprimento de determinadas metas.
A conta de R$ 1,01 bilhão fecha com outro anúncio feito no fato relevante. O Magazine Luiza acertou a venda da participação que detinha na Luizaseg à BNP Paribas Cardif, que passa a ter 100% das ações da seguradora, por R$ 160 milhões.
“A venda da fatia é uma decisão meramente tática. Estamos passando para a Cardiff, que é especialista nesse arcabouço regulatório, para não termos essa distração”, diz Carlos Mauad, CEO do braço de fintech do Magazine Luiza, ao NeoFeed. “Ao mesmo tempo, nesse cenário atual de taxa básica de juros e incertezas macro, o caixa sempre vai ser relevante para o varejo.”
A renovação do acordo coincide com a chegada, há um mês e antecipada pelo NeoFeed, de Mauad para liderar os negócios de fintech da varejista. E, em linha com esse reforço, dialoga com os planos da empresa de avançar muito além da sua rede de lojas físicas.
“Em 2015, quando foi renovado, o acordo serviu para criar a escala adequada para a nossa operação de lojas físicas”, afirma Mauad. “Agora, essa renovação cria um marco importante, porque pivota energia, capital intelectual e investimento para ganharmos terreno no digital.”
Nessa direção, Sheynna Hakim, CEO da BNP Paribas Cardif no Brasil, observa que as conversas para essa renovação já estavam em curso entre as duas partes. E que a chegada de Mauad deu ainda mais velocidade a esse processo.
“Nós chegamos a mais de R$ 1 bilhão em vendas em 2022, emitimos quase 4 milhões de apólices e pagamos quase R$ 100 milhões em sinistros”, diz Hakim. “A ideia agora é explorar tudo o que o Magalu tem feito no online e colocar várias cabeças para trabalharem juntas e trazer novidades nesse espaço.”
Nesses termos, a executiva faz questão de frisar que, na ponta dos clientes, nada irá mudar. A marca Luizaseg permanecerá ativa, assim como todos os seus canais de atendimento. Já no que diz respeito a novidades no portfólio, ela dá uma pista do que será desenvolvido a quatro mãos, com essa pegada digital.
“Estamos discutindo outros temas que podem ser relevantes para os clientes do Magalu, como acesso à saúde de qualidade, especialmente no primeiro atendimento”, afirma Hakim. “Outro segmento em avaliação é o mundo dos games.”
A oferta de seguros do Magalu
Atualmente, o portfólio da Luizaseg inclui ofertas como garantia estendida de produtos, seguros para roubo e furto qualificado com quebra acidental, compra segura, casa protegida e cartão superprotegido.
Com o novo modelo, Mauad acrescenta que o plano não se restringe ao desenvolvimento de mais opções para os clientes da varejista. A ideia é estender essa digitalização no processo de contratação dos seguros ofertados.
“O fato de ter produtos digitais cria um grau de liberdade interessante. Podemos testar preço, experiência e outros parâmetros para otimizar conversão e a remuneração do negócio”, diz. “Também queremos trabalhar essa experiência digitalizada também para os clientes nas lojas físicas e fazer o mesmo cross sell que temos hoje nesse ambiente nos nossos canais digitais.”