O Enjoei, plataforma de comércio online de roupas e produtos usados, anunciou na terça-feira, 18 de julho, por meio de fato relevante, a compra do Elo7, marketplace de produtos artesanais.

O valor do negócio não foi anunciado, o Enjoei apenas confirma que a compra foi fechada em cash. Há dois anos, porém, o Elo7 foi adquirido pela americana Etsy – que tem um modelo de negócio semelhante à Elo7 – por R$ 1 bilhão.

O valor da transação, no entanto, foi bem menor. No fato relevante, o Enjoei informou que a aquisição da Elo7 não está sujeita à aprovação ou confirmação por assembleia geral de acionistas. O motivo?  O preço pago não supera nenhum dos critérios do artigo 256 da Lei das S.A., que dispensa essa etapa quando o valor não está acima de 10% de patrimônio líquido da companhia, atualmente em R$ 375 milhões.

Com a compra do Elo7, o Enjoei deve acrescentar em R$ 500 milhões o volume de vendas no marketplace, dos R$ 1,1 bilhão registrados em 2022 para R$ 1,6 bilhão.

A companhia vai também mais que dobrar o número de compradores ativos, aumentando dos cerca de 1 milhão atuais para 2,6 milhões. Já o número de transações, de acordo com informações do Enjoei, vai pular de 5,6 milhões para 9,2 milhões.

Em call com investidores após a divulgação do fato relevante, o CEO do Enjoei, Tiê Lima, afirmou  que, como o preço da aquisição do Elo7 não implica em necessidade de aprovação de assembleia de acionistas da companhia, o Enjoei vai divulgar depois os valores envolvidos.

Segundo ele, a aquisição tem dois objetivos: incorporar a base de vendedores ativos do Elo7, de 50 mil, o que ampliaria em 76% a atual carteira de vendedores profissionais do Enjoei, e diversificar a oferta de produtos na plataforma.

“Somos uma plataforma de sellers, nossa ambição é consolidar o Enjoei como uma plataforma independente de vendedores", disse Lima. “Com a aquisição do Elo 7, visamos uma melhoria da rentabilidade do negócio num primeiro momento e posteriormente ampliar o número de vendedores e alavancagem do inventário.”

O CEO do Enjoei disse que a plataforma contém seis categorias de vendedores, dos pontuais e ocasionais, que vendem produtos como complemento de renda, até os chamados profissionais, com rendimento mensal acima de R$ 3 mil.

O número de vendedores profissionais do Enjoei cresceu 128% em ano (até março) e Lima aposta que a chegada do Elo7 trará, além de uma massa de 50 mil vendedores em potencial, uma ampliação na oferta de produtos negociados pelo Enjoei.

“Cerca de 90% do público do Elo7 é feminino, com rotina de compra semelhante ao nosso” afirmou.

Fundado por Ana Luiza McLaren e Tiê Lima, o Enjoei surgiu como um brechó online, mas ao longo do tempo foi ampliando seu portfólio de vendas, incluindo produtos de beleza, móveis, artigos de decoração, itens esportivos e dispositivos eletrônicos.

Nos primeiros meses de operação, o valor de mercado da empresa dobrou e chegou (no máximo) a R$ 4,5 bilhões, sob o efeito do boom do mercado digital com a pandemia.

Este ano, porém, as ações da plataforma tiveram forte queda, de 95%, com seu valor de mercado recuando para R$ 184 milhões em março, após fechar 2022 com prejuízo de R$ 66,5 milhões e perda de 45 mil vendedores.

Sem dívidas - o Enjoei tinha R$ 309 milhões em caixa -, a empresa fez uma reestruturação, na qual a compra da Elo7 representa um de seus maiores saltos.

As ações do Enjoei, que haviam fechado o pregão de ontem cotadas em R$ 1,28, abriram nesta terça-feira a R$ 1,40.

Durante a manhã, ação chegou a ser negociada por R$ 1,53, com valorização de 13,28%, recuando para R$ 1,45 perto das 14h.