A VLI, uma das gigantes da área de logística, está aderindo a moda de grandes empresas investirem em startups e fazendo seu primeiro aporte em uma agtech.
A escolhida foi a Brasil Agritest, que está desenvolvendo uma solução tecnológica que permite realizar um processo automatizado de verificação da qualidade de grãos de soja. Até hoje, isso é feito manualmente em todas as partes do mundo.
“Pretendemos fomentar startups voltadas para as verticais de logitech e agtech, e também as que projetem produtos de ESG do futuro”, diz ao NeoFeed Loïc Hamon, gerente-geral de Inovação & Digital da VLI.
Esse é o primeiro passo para que a VLI crie o seu próprio veículo de corporate venture capital (CVC). De acordo com Hamon, o plano é um fundo de investimento em participações (FIPs), que será usado para novos aportes.
Segundo Hamon, o modelo de aporte na Agritest, que recebeu um cheque de R$ 1,5 milhão, deverá ser adotado para outras startups selecionadas. Ele acredita que o fundo de CVC da VLI deverá estar inteiramente consolidado no começo do ano que vem.
“Queremos apostar nesse estágio inicial, de pré-seed , com cinco ou no máximo sete investidas no portfólio”, diz Hamon.
O contrato da Agritest com a VLI estabelece o prazo de um ano para a startup finalizar o protótipo de um equipamento, chamado de Grain Analytic System.
O equipamento vai usar visão computacional, ferramentas de inteligência artificial e aplicação de técnicas fotônicas para fazer o processo automatizado de classificação e verificação da qualidade de uma carga de soja em até 4 minutos.
Hoje, o processo manual feito por especialistas costuma levar de 10 a 90 minutos. Como o procedimento dever ser realizado em todos os pontos da cadeia logística em que ocorre a troca de responsabilidade da carga de soja, cada carregamento é analisado no mínimo quatro vezes, podendo chegar a dez.
O equipamento da Agritest deverá tornar esse processo 22 vezes mais ágil. O diretor de desenvolvimento de negócios e cofundador da Brasil Agritest, Thomas Ceglia, explica que o novo equipamento está sendo desenvolvido em cooperação técnica com a Embrapa.
A startup já investiu cerca de R$ 1,2 milhão no projeto até agora. “Com esse apoio da VLI, vamos finalizar o Grain Analytic System, com o objetivo de, na fase seguinte, buscar financiamento para produzi-lo em larga escala”, diz Ceglia.
Com receita líquida de R$ 7,64 bilhões em 2022, alta de 18% em relação ao ano anterior, a VLI transporta 60,6 milhões de toneladas de carga por ano, das quais 36% são grãos, em 8 mil quilômetros de rodovias no Brasil. A empresa opera portos, ferrovias e terminais.