A cada trimestre, as quedas expressivas e consecutivas na última linha do balanço vêm alimentando a pressão sobre o Goldman Sachs e a gestão do CEO David Salomon. Em resposta, o executivo e seus pares têm lançado mão de uma série de alternativas para recuperar a confiança dos investidores.
Nesta segunda-feira, 28 de agosto, em mais uma tentativa nessa direção, o banco anunciou um acordo para vender seu negócio de gestão financeira pessoal para a também americana Creative Planning, gestora com US$ 245 bilhões em ativos sob gestão.
Os termos financeiros da transação, cuja conclusão está prevista para o quarto trimestre deste ano, não foram revelados. Entretanto, à parte desse montante, outro componente ajuda a explicar a relevância desse passo dado pelo Goldman Sachs.
A divisão em questão teve origem na compra da United Capital, em 2019. Na época, o banco desembolsou US$ 750 milhões para incorporar o negócio e trazer para dentro de casa uma operação com 220 consultores e US$ 25 bilhões em ativos sob gestão.
A estruturação da unidade reforçou o plano do banco de abrir espaço para clientes “um pouco” menos abastados. Em quatro anos, porém, não houve um grande salto. Segundo a agência Bloomberg, a divisão tem hoje cerca de US$ 29 bilhões de ativos sob gestão.
Agora, ao se desfazer da operação quatro anos depois da aquisição, o banco deixa claro que está corrigindo o seu roteiro e voltando a se concentrar no perfil de cliente que fez sua fama e fortuna. Ou seja, o clube seleto dos chamados ultrarricos, com, no mínimo, US$ 10 milhões em aplicações.
“Essa transação é um progresso na execução dos objetivos e metas que traçamos no nosso Investor Day, em fevereiro”, disse, em nota, Marc Nachmann, head global de Asset & Wealth Management do Goldman Sachs, que ressaltou o foco do banco nos clientes com patrimônios “ultraelevados”.
Há seis meses, durante o Investor Day do banco, o CEO David Solomon já havia ressaltado que o Goldman Sachs iria avaliar alternativas estratégicas nessa esfera, na esteira da sua malsucedida estratégia de ganhar terreno com uma operação de varejo.
Um dos ativos destacados e que ainda é alvo de rumores sobre um potencial desinvestimento é a GreenSky, empresa de empréstimos e de parcerias na área de cartão de crédito, entre elas, uma iniciativa em conjunto com a Apple.
“Reduzimos significativamente as ambições para a nossa estratégia de varejo”, afirmou, na época, Solomon. Ao mesmo tempo, o executivo ressaltou que o banco colocaria mais foco em suas divisões de Asset e Wealth Management, as quais chamou de “principal motor do crescimento”.
O fato é que, estratégias e prioridades à parte, os números mais recentes reforçaram o sinal de alerta sobre a instituição. No segundo trimestre de 2023, o lucro do banco, por exemplo, recuou 58%, para US$ 1,2 bilhão.
As ações do Goldman Sachs encerraram o pregão desta segunda-feira com alta de 1,82%. No ano, porém, os papéis acumulam uma desvalorização superior a 5%. O banco está avaliado em US$ 107,4 bilhões.