A húngara Katalin Karikó e o americano Drew Weissmann desvendaram os processos biológicos que serviram de base para o desenvolvimento das vacinas contra a covid-19, produzido pela biofarmacêutica alemã BioNTech em colaboração com a gigante americana Pfizer.
Por esse motivo, os dois ganharam o Prêmio Nobel de Medicina deste ano. Mas, indiretamente, o prêmio vai também para a biofarmacêutica alemã BioNTech – da qual, Katlin é vice-presidente sênior.
Em pouco menos de um ano, depois do anúncio do caso número 1 do novo coronavírus, na China, em parceria com a gigante americana Pfizer, a empresa desenvolveu e lançou o primeiro imunizante contra a doença.
Vale lembrar que, àquela época, tratava-se de um patógeno desconhecido e o mecanismo de ação da vacina formulada pela BioNTech era inédito –o que torna ainda mais impressionante a agilidade e presteza com as quais responderam à escalada do SARS-CoV-2 pelo mundo.
Avaliada hoje em US$ 27 bilhões, a biotech foi fundada em 2008, na cidade de Mainz, pelo casal de imigrantes turcos Ugur Sahin e Özlem Türeci. Médicos, eles estavam focados na criação de novos tratamentos para o câncer. Em especial, aos medicamentos da classe dos imunoterápicos, os remédios que “ensinam” o sistema imunológico a identificar e atacar as células cancerosas.
Lá nos Estados Unidos, três anos antes, uma bioquímica húngara, pesquisadora da Universidade da Pensilvânia, havia determinado quais eram os ajustes necessários para que uma substância conhecida como RNA mensageiro (mRNA) não só passasse desapercebida pelas células de defesa do organismo como também fosse programada para produzir compostos específicos.
Katlin havia dedicado a vida à essa descoberta. Em 2013, quando souberam da história da bioquímica, Sahin e Özlem convidaram-na para ocupar o cargo de vice-presidente sênior da BioNTech. Nos anos seguintes, focaram em terapias oncológicas baseadas em mRNA. As pesquisas conduzidas pela empresa renderam 15 publicações em revistas científicas de prestígio.
O sucesso motivou Sahin, CEO da biofarmacêutica, a abrir capital na Nasdaq. Era setembro de 2019. A ideia dele era levantar cerca de US$ 300 milhões. Mas os investidores não se convenceram.
E a BioNTech estreou na bolsa com pouco mais da metade do que o empresário esperava. Não só isso, como no primeiro dia de pregão, as ações caíram 5%. Na ocasião, a BioNTech estava avaliada em US$ 3,4 bilhões.
No início de 2020, quando o SARS-CoV-2 começou a se alastrar pelo mundo, imediatamente os pesquisadores da BioNTech passaram a investigar como fazer o mRNA atacar o novo inimigo.
Há cerca de três anos, ele conhecera a alemã Kathrin Jansen, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Pfizer, e não pensou duas vezes para convidar a gigante americana para embarcar com a BioNTech na corrida pelo imunizante contra a covdi-19. Ela aceitou na hora.
Em 2022, as receitas totais da BioNtech foram de 17,31 bilhões de euros. Por causa da queda na procura pelo imunizante, foi menos do que os 18,97 bilhões de euros, no anterior. Os gastos com pesquisas, porém, cresceram. Foram de 949,2 milhões de euros para 1,53 bilhões de euros.
“O aumento deveu-se principalmente a despesas relacionadas com o desenvolvimento e produção das vacinas bivalentes contra a covid-19 e ao progresso dos estudos clínicos para os candidatos em pipeline da BioNTech”, lê-se no relatório da empresa.
O pipeline de oncologia da biotech expandiu para 20 programas, em 24 ensaios. Cinco deles, estão em fases adiantadas de estudos. Ontem, 2 de outubro, quando o Nobel foi anunciado, os papéis da BioNTech valorizaram quase 3%, na Nasdaq.