Em janeiro deste ano, a proptech paulista Tabas recebeu US$ 6,6 milhões em uma injeção de capital de série A liderada pela empresa americana Blueground. O investimento chamou a atenção porque tanto a investidora quanto a investida operavam no mesmo mercado: o de aluguel flexível de imóveis.
Nesta quinta-feira, 17 de novembro, a Blueground ampliou sua aposta e realizou a aquisição da startup fundada em 2020 pelo brasileiro Leonardo Morgatto e pelo italiano Simone Surdi. O acordo envolveu a troca de ações entre as duas empresas e os demais detalhes são mantidos em sigilo.
“A Blueground sempre foi uma inspiração para a Tabas, desde quando começamos nossa empresa”, diz Morgatto, em entrevista ao NeoFeed. “A visão sempre foi muito semelhante. O que aconteceu foi que começamos a estudar maneiras de aproximar os dois negócios.”
A Tabas opera com um modelo de negócio voltado para a sublocação de apartamentos. Na prática, a startup aluga os imóveis dos proprietários e depois reforma e decora as propriedades. Em seguida, oferta os imóveis para locação com contratos flexíveis e cujo tempo de ocupação pode ser a partir de um mês.
Com previsão de faturar R$ 120 milhões neste ano e atingir o breakeven da operação em dezembro, a Tabas havia colocado como meta ter 1,2 mil contratos de locação assinados e 3 mil em 2023. Até a metade de novembro, a companhia já ultrapassou a marca de 1 mil apartamentos sob contrato.
Do lado da Blueground, essa foi a primeira aquisição da companhia americana em sua história. Com sede em Nova York e fundada em 2013, a empresa tem um modelo de negócio semelhante ao de sua investida aqui no Brasil, mas com uma operação que já está presente em 26 cidades nos EUA, além de Europa, Ásia e Oriente Médio.
A nova controladora da Tabas já levantou mais de US$ 226 milhões em rodadas de equity e operações de dívida. Entre as gestoras envolvidas no negócio estão Endeavor Catalyst e Prime Ventures.
Para o ano que vem, a estimativa da Blueground é de receita de US$ 650 milhões e manter um crescimento rentável dentro do negócio para preparar a companhia para uma possível abertura de capital em 2024. “A grande meta, em nível global, é continuar neste caminho de lucratividade”, diz Surdi.
O negócio entre Tabas e Blueground vinha sendo costurado desde junho, mas a possibilidade de uma aquisição começou a ser ventilada ainda em janeiro, quando a Blueground se tornou sócia da Tabas. “A ideia claramente estava na mesa, mas não estava definida”, diz Surdi. “A gente queria entender se haveria essa possibilidade.”
A fusão acontece também menos de dois meses após a Tabas levantar R$ 32 milhões com Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Foi a segunda vez que a companhia levantou capital dessa forma. A primeira foi em janeiro, quando além do capital recebido pela Blueground, também levantou outros US$ 7,3 milhões em venture debt.
Com a transação, a Tabas ganhou mais fôlego para acelerar seu crescimento. Além da meta de quase triplicar os contratos de locação, a companhia vai levar seu modelo para outros mercados da América Latina. O primeiro destino será a Cidade do México, onde a operação deve começar já no ano que vem.
Surdi e Morgatto continuam no negócio e ficarão responsáveis pelo gerenciamento das operações na América Latina. A marca Tabas também será preservada, mas somente no Brasil e ao menos pelos próximos anos.
No mercado brasileiro, uma das principais rivais neste mercado é a mexicana Casai. Em agosto, a companhia expandiu sua operação no Brasil ao absorver o negócio da proptech Nomah, que até então pertencia à Loft.