De olho em novas receitas, a Hypera Pharma não tem economizado no campo das aquisições. Dentro dessa equação, em pouco mais de um ano, a farmacêutica comprou parte dos portfólios da Takeda e da Boehringer Ingelheim, pelos quais desembolsou, respectivamente, US$ 825 milhões e R$, 1,3 bilhão e incorporou marcas como Neosaldina, Dramin, Buscopan e Buscofem.
Enquanto trabalha para integrar e capturar as sinergias dessas operações, um outro componente começa a ganhar destaque e a gerar resultados efetivos na fórmula de crescimento da companhia: os investimentos em inovação e desenvolvimento de produtos.
“Entre os nossos drivers de crescimento, a inovação é, sem dúvida, o principal”, disse Breno Oliveira, CEO da Hypera Pharma, durante o HypeDay, realizado nesta sexta-feira. “Além dos 250 produtos que lançamos nos últimos três anos e que ainda não atingiram seu potencial, temos um pipeline de 350 projetos em curso.”
Levando-se em conta apenas os cinco principais lançamentos de cada categoria previstos nesse pacote, a Hypera estima adicionar um faturamento de aproximadamente R$ 1,32 bilhão ao seu balanço a partir do prazo de cinco anos.
O montante inclui ainda mais R$ 330 milhões, quando consideradas as 28 moléculas que a companhia tem no radar para o mercado institucional, formado por hospitais, planos e postos de saúde. “Com todos os 350 projetos, temos o potencial de dobrar o tamanho da companhia”, afirmou Adalmario Couto, CFO e head de inovação da Hypera Pharma.
Um dos destaques é a categoria de medicamentos vendidos sob prescrição. O plano é ampliar a participação da companhia em tratamentos crônicos e exclusivos, em áreas como saúde feminina e cardiovascular. Aqui, a estimativa com as cinco principais novidades é gerar um faturamento de R$ 500 milhões a partir de 2026.
Já no segmento dos produtos vendidos além do balcão, sem a necessidade de receita, a prioridade é a extensão das linhas já existentes e a entrada em novas categorias, com o olhar mais centrado e analgésicos e probióticos.
Em genéricos, por sua vez, o roteiro inclui 17 lançamentos apenas até o fim de 2021. Nessa área, o plano é ampliar a cobertura de moléculas, o que passa pelo monitoramento das quedas de patentes que acontecerão nos próximos anos.
“Já estamos desenvolvendo algumas delas, como em diabetes, e queremos ser os primeiros a lançar quando essas patentes caírem”, afirmou Couto. “Pelos nossos estudos, quem consegue fazer esse movimento inicial captura entre 30% e 40% do mercado em questão.”
O portfólio em desenvolvimento envolve ainda as categorias de vitaminas e suplementos, e de dermocosméticos, com incrementos nos cinco principais produtos estimados em R$ 150 milhões e R$ 120 milhões, respectivamente.
“A inovação é o pilar central da nossa estratégia de crescimento de médio e longo prazo”, observou Couto. “Mas, ainda mais importante, é a correlação positiva entre os lançamentos e a nossa performance financeira.”
As novidades mais recentes no portfólio já têm, de fato, peso nos números da companhia. Em 2020, os produtos lançados nos últimos cinco anos representaram 33% da receita líquida do grupo. Há cinco anos, esse índice era de 24%.
Já os produtos que chegaram às prateleiras nos últimos três anos responderam por 25% desse resultado. Em 2020, a Hypera Pharma reportou uma receita líquida de R$ 4,08 bilhões, alta de 24,1% sobre 2019. “Metade desse crescimento veio dos produtos lançados de três anos para cá”, disse Couto.
No ano passado, cerca de 90 produtos reforçaram e renovaram a oferta da Hypera Pharma. No período, a companhia totalizou R$ 350,2 milhões de investimentos em pesquisa e desenvolvimento, um crescimento de 44% na comparação com 2019. Hoje, a empresa tem cerca de 300 pessoas 100% dedicadas à inovação.
Nesta sexta-feira, o grupo também divulgou as suas projeções para 2021. A companhia prevê encerrar o ano com uma receita líquida de cerca de R$ 5,9 bilhões, um ebtida ajustado em torno de R$ 2 bilhões e um lucro líquido na casa de R$ 1,5 bilhão.
Avaliada em R$ 21,1 bilhões, a empresa viu suas ações encerrarem o pregão do dia em queda de 1,24%. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 2,3%.