Conhecido por seu gosto pela prática de esportes, Abilio Diniz segue mantendo a forma também nos negócios. Aos 84 anos, o empresário divide sua rotina entre o family office Península Participações e as atividades como acionista e membro influente dos conselhos de administração local e global do Carrefour.
A partir desta quinta-feira, essa agenda já intensa de Abilio ganha oficialmente um novo compromisso. O empresário está lançando a O3 Capital, gestora de investimentos que surge da evolução dos investimentos da família Diniz administrados há sete anos por um time específico da Península Participações.
“Temos um time de muita qualidade na Península e que vem administrando os recursos da família há muito tempo, mas isso tem um limite“, afirmou Abilio, em conferência que marcou o lançamento da O3 Capital. “Então, vamos dar mais espaço pra que eles gerenciem mais recursos e possam competir com outras gestoras do mercado.”
A O3 Capital chega ao mercado com um aporte inicial em seu portfólio de R$ 1,5 bilhão da Península. Com um lock-up de três anos, o montante reúne os recursos da família Diniz que estavam alocados em diferentes fundos até então.
Na prática, o family office atuará como sponsor e investidor no portfólio ofertado pela O3 Capital, que também irá captar recursos com investidores. A gestora não revelou a quantia que planeja levantar com terceiros nesse primeiro momento.
“Eu nunca me preocupei em ser o maior, mas sim, em ser o melhor”, disse Diniz. “O que eu quero é que a gestora performe muto bem. O tamanho será consequência do que estamos fazendo”, acrescentou o empresário.
A nova operação reúne, de fato, “velhos conhecidos” de Abilio. Ao lado do empresário, o Conselho de Administração da gestora conta com cinco nomes que também atuam na Península. São eles: Eduardo Rossi, Flavia Almeida, Juliana Grossi, Paulo Castilho e Daniel Mathias.
“Na verdade, já tínhamos uma estrutura separada e que operava há 7 anos e bebia da cultura da Península”, afirmou Eduardo Rossi, membro do board da O3 Capital e vice-chairman da Península. “Mas que tinha sua independência na gestão dos negócios.”
Segundo Rossi, a decisão de abrir essa operação ao mercado começou a ser pensada há cerca de quatro anos. Mas começou a ganhar forma, de fato, há cerca de um ano. “Percebemos que a nossa gestora era tão boa, senão melhor, do que os outros ativos que tínhamos administrados por terceiros na carteira”, observou.
Com a O3 Capital estruturada, Daniel Mathias também assume o posto de chief investiment officer da operação, cujo time, na largada, é composto por 18 profissionais, entre diretores, gestores de portfólio, analistas e programadores.
A gestora nasce inicialmente com um portfólio composto por um fundo multimercado, batizado de O3 Retorno Global, que terá administração e custódia do BTG Pactual e alternativas voltadas a investidores qualificados e também de perfil generalista. "Queremos democratizar ao máximo o investimento no fundo", afirmou Mathias.
A partir de hoje, esse portfólio já está disponível nas plataformas do BTG Pactual, da Warren, da Modal e do Banco Inter. Nos próximos dias, a previsão é que a oferta possa ser acessada também na Órama e na Vitreo.
Com aplicação mínima de R$ 1 mil para investidores em geral e de R$ 5 mil para investidores qualificados, a taxa de administração é de 2% ao ano e a taxa de performance é de 20% sobre o que exceder o CDI. O fundo irá operar nos mercados de juros, câmbio, ações, commodities e dívida, além de ter exposição a ativos digitais.
O fundo em questão já está em operação desde a virada do ano. A gestora não divulgou, no entanto, a performance do produto, dado que, pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), esses números só podem ser revelados depois de um prazo de seis meses da oferta colocada.
“O caminho que escolhemos inicialmente é seguir com apenas um produto”, disse Diniz, quando questionado sobre os planos de ampliar o portfólio da gestora. “Por enquanto, vamos fazer o que já estamos fazendo há bastante tempo.”
O empresário acrescentou que, depois do lançamento da O3 Capital, o próximo passo, já em curso, é abrir também a operação de private equity da Península a terceiros. A previsão é que essa estrutura esteja pronta, do ponto de vista legal, entre o fim de junho e o início de julho.