Anunciado no início de 2023, o plano “60-30-30” tem sido, desde então, o grande norte do Inter. Na tradução desses números, a estratégia consiste em alcançar, até 2027, 60 milhões de clientes, um índice de eficiência de 30% e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 30%.
No fim de junho de 2025, o banco controlado pela família Menin chegou exatamente à metade do prazo estipulado para chegar a esses indicadores. E esse marco veio acompanhado da entrega de dois terços de uma das métricas que balizam esse plano.
O Inter encerrou o segundo trimestre desse ano com uma base de 39,3 milhões de clientes, o que representou um crescimento de cerca de 18% sobre igual período, um ano antes. E, segundo o banco, já ultrapassou a barreira dos 40 milhões nos primeiros dias desse mês de agosto.
“Chegamos a dois terços do que projetamos e ainda temos dois anos e meio pela frente”, diz Santiago Stel, CFO do Inter, ao NeoFeed. “Isso mostra que a nossa proposta segue atrativa, ainda que o mercado esteja mais saturado de ofertas, e nos dá confiança que estamos no caminho correto.”
No detalhe do avanço dessa base, outro número ajuda a reforçar essa convicção. Entre abril e junho, o Inter adicionou 1,1 milhão de novos clientes ativos adicionados, o que representou o maior volume da história do banco em um trimestre.
Com esse recorde, o Inter chegou a um total de 22,7 milhões de clientes ativos. E em mais um indicador favorável, a receita média líquida por cliente ativo (ARPAC) voltou a crescer, após registrar uma queda entre o quarto trimestre de 2024 e o primeiro trimestre de 2025.
A ARPAC líquida ficou em R$ 32,30 no segundo trimestre, contra R$ 31,4, três meses antes. Stel destaca que, mesmo com os crescimentos registrados nessas linhas, o custo de servir (CTS) do banco se manteve estável, no mesmo patamar reportado entre janeiro e março, de 13,1%.
“No primeiro ano do plano, nossas despesas ficaram quase flats. Já em 2024, tivemos muita melhoria da margem financeira (NIM). Agora, estamos tendo um balanço dessas duas frentes”, diz. “Estamos crescendo o lucro sem elevar os custos, e financiando esse avanço com o lucro que vamos gerando.”
O Inter fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 315 milhões, alta de 53% sobre o mesmo intervalo de 2024. Já o retorno sobre o patrimônio (ROE) foi de 13,9%, contra 10,4%, um ano antes, e 12,9% do trimestre anterior.
Já o índice de eficiência - variável que mensura o custo de um banco para gerar receita – ficou em 47,1% no período, ante 47,9% em igual período de 2024. Em relação ao primeiro trimestre de 2025, a evolução foi de um ponto percentual.
A carteira de crédito somou R$ 40,2 bilhões, um salto de 22% sobre um ano antes e de 8% em relação aos primeiros três meses de 2025. Já a inadimplência acima de 90 dias, excluindo a antecipação de recebíveis de cartão de crédito, foi de 4,6%, uma melhora de 0,5 ponto percentual sobre 2024.
Com 70% dessa carteira colateralizada, Stel ressaltou que modalidades como a antecipação do saque aniversário do FGTS e o home equity estão ajudando a impulsionar esse braço e figuram entre as prioridades do Inter nesse espaço.
Ele também destacou a linha de consignado privado como a que mais cresce dentro dessa carteira. No primeiro semestre de 2025, o Inter originou um total de R$ 730 milhões nessa frente, dos quais, R$ 530 milhões foram registrados entre abril e junho.
“O consignado privado começa a ter peso e relevância na base da nossa carteira”, afirma o CFO. “Essas primeiras safras estão indo bem, porém, precisamos de mais alguns meses de história para validar. Mas é um produto que tem um custo de dívida bem baixo para o cliente e retornos bem atrativos.”
Negociadas na Nasdaq, as ações do Inter fecharam o pregão da terça-feira, 4 de agosto, com ligeira alta de 0,15%, em US$ 6,53. Em 2025, os papéis registram uma valorização de 24,8%, dando ao banco um valor de mercado de US$ 2,87 bilhões.