No início de agosto, quando reportou seu resultado do segundo trimestre, a General Motors divulgou projeção de produzir cerca de 100 mil veículos a menos na América do Norte no segundo semestre, na trilha da crise de desabastecimento de chips que afeta o setor automotivo, entre outras indústrias.
Um mês depois, a montadora enviou um novo recado para Wall Street, com uma perspectiva ainda menos otimista para o período. Nesta sexta-feira, 10 de setembro, a GM ampliou a previsão de recuo na produção para 200 mil unidades na região no segundo semestre. Nos seis primeiros meses deste ano, o voume de carros produzidos atingiu 1,1 milhão.
A atualização do saldo da crise dos componentes foi feita por Paul Jacobson, diretor financeiro da companhia, durante a RBC Capital Markets, uma conferência que reuniu investidores e analistas de mercado.
O anúncio dá sequência à decisão anunciada pela GM há uma semana, adicionando ou estendendo as suspensões na produção de oito de suas fábricas instaladas nos Estados Unidos, no Canadá e no México.
No Brasil, a montadora também vem sofrendo com as paralisações. Um dos reflexos desse cenário é o Ônix, carro que foi o mais vendido no País por seis anos consecutivos. Mas que, sob o efeito dessa crise, viu seus números minguarem. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, o modelo caiu para a 6ª posição no ranking, com 43,3 mil unidades vendidas, segundo a Fenabrave.
A GM não trouxe, no entanto, apenas más notícias para quem compareceu ao evento de hoje. Em sua apresentação, Jakobson manteve o guidance foi divulgado pelo grupo juntamente com o balanço do segundo trimestre.
Na época, a montadora elevou suas projeções para o Ebitda ajustado no ano de uma faixa de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões para o espectro de US$ 11,5 bilhões a US$ 13,5 bilhões. Já o lucro por ação saiu de uma expectativa entre US$ 4,50 a US$ 5,25 por ação para US$ 5,40 a US$ 6,40 por ação.
“Ainda vamos entregar um ano melhor do que aquele que havíamos previsto em janeiro”, afirmou o executivo, segundo o site americano CNBC. Ele acrescentou que boa parte do impacto previsto na produção deve acontecer neste terceiro trimestre e que espera um 2022 mais estável em termos de fornecimento.
Apesar de impactar a produção, a crise dos chips e a consequente redução dos estoques fizeram com que os preços dos veículos novos no mercado da região alcançassem preços recordes nos últimos meses. Nesse contexto, algumas montadoras registraram avanço em suas margens de lucro.
Esse foi um dos pontos ressaltados pela GM no segundo trimestre, que destacou ainda a GM Financial, seu braço financeiro. Entre abril e junho, a empresa apurou uma receita de US$ 34,2 bilhões, um salto de 104% na comparação anual.
O lucro líquido ficou em US$ 2,8 bilhões, contra um prejuízo líquido de US$ 800 milhões, um ano antes. Nesse mesmo intervalo, a empresa saiu de uma margem de lucro negativa de 4,5% para uma margem de lucro de 8,3%.
Avaliada em US$ 71,8 bilhões, a GM viu suas ações fecharem o pregão de hoje cotadas a US$ 49,49 e com alta de 2,21%.