Em setembro de 2020, um aporte seed da Arco foi essencial para que a isaac começasse a avançar com sua plataforma de softwares de gestão financeira e de backoffice para escolas. Agora, dois anos depois, o grupo brasileiro de educação e a startup estão estreitando ainda mais essa relação.
Na noite da quinta-feira, 6 de outubro, a Arco anunciou a aquisição de 75,1% do capital social da isaac, em um acordo que envolve troca de ações. Antes da transação, o grupo já detinha uma participação de 24,9% na operação da startup.
Pelos termos do acordo, os demais acionistas da isaac, uma lista que inclui os fundadores da startup, David Peixoto e Ricardo Sales, e os fundos Softbank, General Atlantic e Kaszek, receberão cerca de 10,4 milhões de ações da Arco. A fatia em questão equivale a aproximadamente 15,8% do capital do grupo.
Do total envolvido na transação, 1,04 milhão virão de ações em tesouraria da Arco e as 9,3 milhões restantes de novas emissões. Com essa operação, a participação desses acionistas será diluída em 14,2%, o que avalia a startup em cerca de US$ 142 milhões.
Em comunicado, Ari de Sá Neto, fundador e CEO da Arco, destacou que a aquisição amplia significativamente a presença do grupo no ecossistema educacional brasileiro, ao aumentar o escopo de seu portfólio de produtos e tornar a empresa uma “verdadeira one stop shop” para as escolas da sua base.
“Tomamos a decisão de comprar a isaac após sermos um dos primeiros investidores da empresa e ganharmos confiança não apenas em seu modelo de negócios e potencial crescimento como companhia independente”, afirmou o empresário, na nota. “Mas também, nas sinergias e oportunidades que surgirão da combinação dos dois negócios.”
Segundo a Arco, o principal produto da isaac agiliza o faturamento e as cobranças, eliminando o risco financeiro para as escolas e aprimorando a experiência de pagamento para os pais dos alunos. Com seu portfólio, a startup atende mais de 850 colégios particulares no Brasil e transaciona um volume anual de cerca de R$ 2 bilhões em sua plataforma, a partir de uma base superior a 280 mil alunos.
“Estamos unindo forças com a Arco porque há uma grande oportunidade de usar os pontos fortes de cada um para construir um negócio ainda melhor”, observou, no comunicado, David Peixoto, cofundador e CEO da isaac.
Os laços entre as duas empresas são, na verdade, anteriores ao primeiro investimento da Arco. Peixoto fundou a isaac após trabalhar seis anos no grupo. Na empresa, entre outros postos, foi CFO, além de integrar o conselho de administração, entre setembro de 2020 e setembro de 2021.
Peixoto fundou a startup com Ricardo Sales, que traz no currículo, entre outras passagens, sete anos na General Atlantic. Em mais um vínculo entre as duas trajetórias, a gestora americana já investiu tanto na Arco quanto na isaac.
Em novembro de 2021, a General Atlantic liderou uma rodada de US$ 125 milhões na isaac. Na mesma época, a gestora encampou um aporte de R$ 825 milhões na Arco, ao lado da Dragoneer.
Na época da captação, a Arco destacou que os recursos seriam aplicados para acelerar sua estratégia de crescimento. Antes mesmo do investimento, as aquisições já vinham sendo um dos caminhos escolhidos pela companhia para alcançar esse objetivo.
Em fevereiro deste ano, por exemplo, a Arco comprou a PGS e a Mentes do Amanhã, dois ativos da Pearson Education no Brasil. Em 2021, a lista de M&A incluiu nomes como a Edupass, plataforma de benefícios educacionais; a edtech Eduqo; a Me Salva!, de cursos preparatórios para vestibular; e os sistemas educacionais COC e Dom Bosco.
A Arco reportou uma receita líquida de R$ 842,1 milhões no primeiro semestre de 2022, o que representou um salto de 43% sobre igual período, no ano passado. Nesse intervalo, o Ebitda ajustado da empresa cresceu 35%, para R$ 257,3 milhões.
Listada na Nasdaq desde 2018, a empresa fechou o pregão da quinta-feira com um recuo de 2,23% na cotação de suas ações, para US$ 11,86. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de mais de 43%. A companhia está avaliada em US$ 674,2 milhões.