Dona de redes como Frango Assado, Pizza Hut e KFC no Brasil e com operações nos Estados Unidos e no Caribe, a International Meal Company (IMC) divulgou, no último dia 25 de agosto, a venda da master franquia e da operação e nove lojas da Carl’s, no Panamá, por US$ 2,1 milhões.
Menos de um mês depois desse anúncio, o grupo está de volta ao balcão com uma transação que marca o fim das suas atividades no Panamá. O bilhete de saída do país está sendo carimbado com a venda de toda a sua operação no Aeroporto Internacional de Tocumén.
A IMC acaba de anunciar que a Inflight Holdings Cayman irá pagar US$ 40 milhões (R$ 211 milhões) para comprar 100% da IMC Panamá, que compreende 13 lojas em funcionamento no Terminal 1 do aeroporto e a concessão para operar outras 11 unidades no Terminal 2, previsto para ser inaugurado ainda neste trimestre.
Prevista para acontecer em meados de outubro, a conclusão do acordo depende da aprovação de credores e de outras condições precedentes, informou a empresa. A IMC acrescentou que o valor da oferta equivale a aproximadamente seis vezes o Ebitda registrado pela IMC Panamá em 2021. No ano passado, essa operação registrou vendas totais de US$ 14 milhões.
“É um valor representativo e vamos usar a maior parte desses recursos para diminuir a nossa dívida”, diz Alexandre Santoro, CEO da IMC, ao NeoFeed. “Estamos com a dívida controlada, mas, obviamente, o custo de dívida aumentou muito por conta da taxa de juros.”
A IMC encerrou o segundo trimestre desse ano com um caixa de R$ 344,4 milhões e uma dívida líquida de R$ 297,5 milhões. No período, o índice de alavancagem da operação, medido pela relação entre dívida líquida x Ebitda, foi de 2,7 vezes. Com a venda do ativo, esse índice ficará abaixo de 2 vezes.
“Esse acordo demonstra, de fato, que a soma das partes vale mais do que o todo”, afirma Santoro. “Na prática, o valor dessa venda da operação do Panamá, sozinho, representa quase 50% do nosso market cap hoje.” Atualmente, a IMC está avaliada em R$ 556,6 milhões.
Em suas 13 unidades no aeroporto panamenho, a IMC contava com lojas em categorias como cafeterias, massas, pizzas, sanduíches e até mesmo comida japonesa. Além de bandeiras locais, esse portfólio estava distribuído em marcas como Viena, Frango Assado, Brunella e Margaritaville.
“Era um negócio bom, rentável, mas que tinha poucas sinergias com o que temos no Brasil e que era pouco escalável”, explica o executivo. “E esse movimento vai ao encontro da nossa estratégia de simplificação do negócio, em linha com o que estabelecemos no início de 2021.”
Desde que Santoro assumiu como CEO da IMC, em abril de 2021, o mercado especula sobre os planos do grupo para a venda de outras marcas, inclusive no Brasil. Entre elas, Viena, Olive Garden, Brunella e Batata Inglesa. O executivo não confirma planos de novos desinvestimentos, mas também não descarta novos acordos nessa direção.
“Hoje, com a retomada, todos os nossos negócios são rentáveis, o que nos dá tranquilidade para tomar qualquer decisão”, diz. “Mas esse é um tema que vamos sempre olhar e tratar com atenção. Nossa operação na Colômbia, por exemplo, também é rentável, mas tem um cenário parecido com o Panamá.”
Nesse contexto, no mercado brasileiro, as prioridades da IMC seguirão nas marcas Pizza Hut, KFC e Frango Assado. Assim, parte das cifras levantadas com a venda no Panamá também será reservada para a expansão das lojas dessas bandeiras. Nos últimos 12 meses, o grupo inaugurou 57 unidades e, hoje, soma 561 lojas em seu portfólio.
Embora não revele uma projeção de aberturas, Santoro diz que, no caso do Frango Assado, a expansão deve ganhar velocidade a partir de 2023. No momento, a rede se prepara para começar a testar formatos como drive thru, a partir de sua loja em Cajamar (SP) e também de quiosques express, com opções rápidas de alimentação, instaladas nos estacionamentos dos pontos de venda da própria bandeira.
Já no que diz respeito ao KFC, um dos planos já em curso é investir também no segmento de lojas de rua, especialmente para abrigar formatos como o drive thru, com foco inicial em São Paulo. Atualmente, são 131 unidades dessa marca no País.
No digital, que já representa 28% das vendas do grupo, uma das prioridades é o lançamento de um novo aplicativo do Pizza Hut. Essa nova versão servirá como base para que o grupo coloque, gradativamente, os aplicativos das demais bandeiras no ar.
“O mais importante nessa transição é avançar na nossa área de CRM”, ressalta Santoro. “Nossa ideia é conseguir conectar ofertas, serviços e ativar promoções entre as nossas diferentes marcas.”
No segundo trimestre desse ano, a IMC reportou uma receita líquida de R$ 621,5 milhões, alta de 39,5% sobre igual período de 2021. Entre abril e junho, o grupo apurou um prejuízo líquido de R$ 4,7 milhões, contra um lucro líquido de R$ 21,1 milhões, divulgado um ano antes.
Na sexta-feira, 16 de setembro, as ações da IMC fecharam o pregão na B3 cotadas a R$ 1,95, queda de 4,88%. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 19,75%.