Educação sempre foi um tema presente na vida de Richard Uchôa. Seu avô, João Uchoa Cavalcanti Netto, fundou em 1970 a Universidade Estácio de Sá, que posteriormente se tornou Yduqs.
Mesmo graduando em tecnologia da informação, Uchoa seguiu os passos da família na educação. Primeiro fazendo mestrado na área, na Universidade de Oxford. Depois, trabalhando na Estácio, onde ajudou a estruturar o projeto de EAD, até deixar a empresa em 2009. Ele já não faz parte do quadro societário há 12 anos.
Mas a carreira de Uchoa na área de educação ganhou destaque a partir de 2012, quando fundou a LEO Learning Brasil para atuar em treinamento corporativo no Brasil.
Agora, passados dez anos, 400 clientes - que inclui nomes como BRF e Coca-Cola - e R$ 30 milhões de faturamento anual, ele pretende alçar voos mais altos na área de treinamento, inclusive fora do País.
Mirando a liderança do mercado de educação corporativa e expansão pela América Latina, a LEO Learning Brasil passa a se chamar Revvo, empresa que se dedicará a ser mais do que uma consultoria de educação corporativa e que, logo de cara, larga com uma meta ambiciosa para si: obter uma receita anual de R$ 500 milhões até 2027.
“Até alguns anos atrás, tínhamos um posicionamento de consultoria na área de educação corporativa, como uma boutique, mas o modelo não tinha escala”, afirma Uchoa ao NeoFeed. “Nossa ideia é crescer e criar algo profundo, lançando produtos inéditos, desenvolvendo novas habilidades, operando em outros países da América Latina.”
Segundo ele, o novo nome da companhia vem da palavra revolução, um indicativo das pretensões de Uchoa de chacoalhar o setor de educação corporativa, oferecendo produtos disruptivos.
O novo nome também marca a emancipação da companhia em relação ao grupo britânico LTG, de quem Uchoa licenciou produtos e a marca para fundar a LEO Learning Brasil.
“Quando montei a empresa, não tinha nada e acabei usando o nome deles para conquistar mercado. Mas acabamos crescendo no Brasil e tendo um posicionamento diferente”, afirma, garantindo que essa mudança foi acertada amigavelmente. “O LTG permanecerá como sócio minoritário da Revvo.”
Para atingir os ousados objetivos que traçou para os próximos cinco anos, Uchoa começou a reestruturar a companhia nos últimos três anos. A primeira etapa consistiu no lançamento de novos produtos. A principal novidade foi o lançamento da Learningflix, em 2019. Serviço de streaming para a aprendizagem corporativa, ele conta com mais de 100 webseries em áreas como liderança, vendas e soft skills.
Ele também criou, em 2020, a Smart Events, plataforma exclusiva para eventos de treinamento ao vivo. Em 2021, ele incorporou a E-Create, uma edtech especializada em ambientes virtuais de aprendizagem, além de ter inaugurado a Plataforma Smart LMS, que permite às organizações hospedarem cursos online e acompanhar se os funcionários estão realizando as capacitações e qual o nível de evolução.
Agora, como Revvo, a companhia pretende seguir com o lançamento de produtos. Recentemente, ela fechou uma parceria com o psiquiatra e best seller Augusto Cury, pesquisador na área de qualidade de vida e desenvolvimento da inteligência, para lançar a chamada Escola de Gestão da Emoção. Serão desenvolvidos cursos e treinamentos para que funcionários possam lidar com suas emoções no ambiente de trabalho.
A Revvo também lançou recentemente um programa para desenvolvimento de estagiários, chamado de Super Estagiários, que busca capacitar jovens nas mais diferentes habilidades exigidas pelas companhias no século XXI. Por meio da gamificação, ele passa conteúdos como trabalho em grupo e inteligência emocional. Já lançada, a plataforma foi adotada por Claro, GPA e Ipiranga.
Uchoa explicou que os preços dos produtos variam de acordo com a quantidade de funcionários e o tipo de treinamento oferecido, se é um produto já pronto ou um treinamento personalizado, e que este modelo seguirá nos produtos que estão sendo lançados.
"Temos planos a partir de R$ 1,5 mil por mês e o preço pode chegar a centenas de milhares se o curso for customizado", diz.
Compras e internacionalização
Para atingir a meta de R$ 500 milhões em receita até 2027, a Revvo também vai adotar outras duas estratégias: internacionalização e consolidação do mercado brasileiro.
No caso da internacionalização, o plano inicial envolve a América Latina, com presença já em 2023 em Colômbia, Peru e México, países considerados amigáveis em termos de negócios e com grande extensão territorial, justificando a oferta de educação corporativa.
O plano inicial da Revvo é oferecer nestes países a Plataforma Smart LMS e, mais para frente, traduzir seus conteúdos para o espanhol. “Como a nossa venda consegue ser digital, a ideia seria estabelecer inicialmente um escritório na Colômbia ou no Panamá e vender nossas soluções para esses países”, afirma Uchoa.
No Brasil, a Revvo planeja consolidar o mercado de educação corporativa. O plano é promissor, considerando que o setor é formado por quase 560 edtechs, segundo levantamento do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) e da Associação Brasileira de Startups do Brasil (Abstartup).
A ideia de Uchoa é, a partir do ano que vem, realizar aquisições para crescer pelo País e sair do eixo Rio-São Paulo, com uso de recursos próprios. “Quando olhamos para consolidação, nosso objetivo é criar um guarda-chuva com várias competências e conteúdos para oferecer às empresas”, afirma Uchoa. “Pretendemos que a nova marca seja uma consolidadora de mercado.”
Fusões e aquisições visam dar à Revvo musculatura para competir com os dois principais nomes da área de educação digital no momento no País, o UOL EdTech e a AfferoLab. Ambas também estão se movimentando para fortalecer suas operações, em meio ao movimento no mundo corporativo de estimular o aprendizado contínuo entre os colaboradores.
O UOL EdTech, que tem mais de 500 clientes utilizando suas soluções, anunciou em abril a compra da Qulture.Rocks, empresa desenvolvedora de software as a service (SaaS) para gestão de desempenho e engajamento de colaboradores.
Já a AfferoLab se uniu com outra edtech, a Bossa.etc, que comprou a participação detida pelo grupo alemão Bertelsmann por um valor não divulgado.