Nos últimos tempos, a WEG, fabricante de equipamentos, motores e tintas industriais, se consolidou como uma das meninas dos olhos do mercado brasileiro de capitais. O status não veio por acaso, mas sim por conta da entrega de resultados consistentes, mesmo na pandemia.
Nesse contexto, os papéis da empresa, avaliada em R$ 168,8 bilhões, acumulam uma valorização de mais de 126% em 2020. Nos últimos 12 meses, a alta supera a casa de 219%.
Apesar dessa escalada, alguns analistas mantêm uma certa cautela quanto à capacidade de a companhia seguir sustentando esse desempenho. Um ponto de atenção é a carteira de pedidos de ciclo longo, construída a partir de 2019 e cuja captação de receita está se refletindo agora, em meio à pandemia.
A WEG já enxerga, porém, boas perspectivas para seguir nessa toada no médio e longo prazo. E um dos destaques no horizonte da companhia é a participação nos projetos e investimentos previstos na área de saneamento, a partir da aprovação do marco legal do setor.
“Esse é um dos nossos principais mercados e a aprovação do marco pode trazer novas oportunidades para a WEG nos próximos anos”, disse Paulo Polezi, diretor de finanças e de relações com investidores da WEG, em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, 22 de outubro.
O governo federal estima que o setor vá atrair investimentos entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões até o fim de 2033. “Esse é um mercado bastante endereçável para a WEG. Nós imaginamos uma faixa entre 4% e 5% do valor total dos investimentos desses projetos”, afirmou Polezzi. Considerando os dois cenários, o mercado potencial que pode ser disputado pela WEG está entre R$ 20 bilhões e R$ 35 bilhões.
Durante a teleconferência, André Rodrigues, diretor financeiro da WEG, destacou que a companhia enxergou uma queda nos pedidos da carteira de longo prazo no segmento de equipamentos eletroeletrônicos industriais no terceiro trimestre.
“Tivemos muita volatilidade na entrada dos pedidos e vamos acompanhar esse comportamento até o fim do ano”, afirmou o executivo. “Mas temos uma carteira saudável de ciclo longo para 2021”, acrescentou Rodrigues, ressaltando ainda o fato de que os negócios da WEG nessa esfera não estão concentrados apenas no Brasil.
“Estamos expostos a vários segmentos, o que nos dá a vantagem de conseguir modular o que acontece em cada negócio e encontrar oportunidades de crescimento”, observou. “Em 2021, por exemplo, nossas operações no mercado eólico voltam à carteira.”
Rodrigues destacou ainda a participação da empresa como fornecedora dos motores de alta tensão de um projeto de irrigação por elevação na Índia, cujas entregas terão início em 2022. “Estamos buscando reforçar a carteira de ciclo longo”, disse. “Nos Estados Unidos e no México, por exemplo, o mercado está muito positivo para transformadores.”
Se a carteira de ciclo longo é um ponto de atenção, a recuperação na demanda por equipamentos de ciclo curto foi um dos fatores que impulsionaram o resultado da WEG no terceiro trimestre. O fôlego veio, em particular, do mercado brasileiro e dos negócios de motores comerciais e appliance, tintas e vernizes e geração solar distribuída.
Entre julho e setembro, o lucro líquido da WEG cresceu 54%, para R$ 644,2 milhões. A receita operacional líquida, por sua vez, foi de R$ 4,8 bilhões, alta de 43,3%.
Entre julho e setembro, a WEG reportou novamente um bom desempenho. No período, o lucro líquido da companhia cresceu 54%, para R$ 644,2 milhões, na comparação com o terceiro trimestre de 2019. A receita operacional líquida, por sua vez, foi de R$ 4,8 bilhões, alta de 43,3%.
Divulgado na quarta-feira, o resultado foi seguido por uma queda de 6,16% na cotação das ações da empresa, no fechamento do pregão. Hoje, no entanto, os papéis da companhia voltaram a subir e estavam sendo negociados com alta de 2,79% por volta das 13h.
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