A Uber se tornou popular com uma fórmula simples e inovadora ao apostar em motoristas particulares que eram donos de seus próprios carros para transportar passageiros no lugar dos tradicionais táxis. Com isso, ganhou o mundo, chegou à bolsa de valores e hoje vale US$ 108 bilhões.
Mas uma pequena startup quer usar essa mesma estratégia, porém, com alguns ingredientes diferentes para se diferenciar da companhia comandada por Dara Khosrowshahi: veículos elétricos e motoristas contratados. Praticamente é uma anti-Uber
A pequena Revel vai começar a testar o seu modelo por Nova York, onde 50 Tesla Model Y estarão nas ruas da Big Apple a partir de maio. Inicialmente, eles vão atender apenas uma região de Manhattan. Mas o objetivo é expandir a atuação para toda a cidade em um ano. A startup quer acrescentar outros modelos elétricos à frota nos próximos meses.
A empresa também vai contratar seus motoristas, que serão funcionários registrados, com todos os direitos trabalhistas previstos na legislação americana. Essa é uma reivindicação antiga de quem presta serviços para empresas como a Uber e a Lyft, mas que vem sendo ignorada pelas grandes empresas. Em março, a Uber foi obrigada pela justiça do Reino Unido a fornecer direitos trabalhistas a seus motoristas depois que dois deles entraram com um processo.
"Nossa missão sempre foi eletrificar as cidades", diz Frank Reig, cofundador e CEO da Revel ao site Business Insider. "Se você pensar que a companhia está tentando criar um ecossistema totalmente elétrico, as viagens compartilhadas são um passo natural nesse processo.”
Antes de entrar nesse setor, a Revel surgiu, em 2018, como um app de aluguel de ciclomotores elétricos. De maneira semelhante ao serviço de caronas, o aluguel das scooters começou de forma tímida, mas foi ganhando espaço na cidade. Hoje, são 6 mil unidades disponíveis em Nova York, Miami, Washington D.C., São Francisco, Oakland e Berkley, na Califórnia.
A operação foi suspensa em Nova York no ano passado depois que dois usuários morreram em acidentes de trânsito. A Revel revisou alguns protocolos de segurança, como o uso obrigatório de capacetes, com checagem feita via selfie, questionários recorrentes de segurança e um período de aprovação para novos motoristas.
A empresa já captou pouco mais de US$ 31 milhões. A rodada mais recente foi em outubro de 2019, quando levantou US$ 27 milhões em um aporte liderado pelo fundo Ibex Investors, focado em investimentos no setor de mobilidade.
A entrada no setor das caronas compartilhadas não é a única novidade anunciada pela empresa. Ela vai inaugurar centros de recarga rápida de veículos elétricos, chamados de Superhubs. Em fevereiro, a Revel também lançou um serviço de aluguel de bicicletas elétricas por US$ 99 mensais.
A consolidação da empresa, no entanto, não será uma missão fácil. Além de competir com dois nomes bastante fortes nos Estados Unidos, como a Uber e a Lyft, a Revel terá um grande desafio em provar aos usuários o valor de seu modelo de negócios.
A estratégia é justamente se posicionar como uma alternativa para o usuário que já está acostumado ao serviço oferecido por empresas como a Uber, mas vê valor em um serviço que reduz as emissões.
Provar o modelo também deve ser um desafio. A Uber até hoje não é lucrativa. Em 2020, o seu prejuízo foi de U$ 6,7 bilhões. No caso da Revel, ela vai usar carros elétricos, que são mais caros que os convencionais. O Model Y tem preço a partir de US$ 39.990.
Os executivos da startup afirmam que embora a experiência seja mais premium, o valor das corridas será semelhante às outras opções disponíveis no mercado, já que consegue reduzir os custos envolvidos na alta rotatividade de motoristas e os riscos de responsabilidade envolvidos no modelo tradicional de prestação de serviços usados pelos concorrentes.