Um grupo de empresários resolveu se unir para investir em startups de educação, as chamadas edtechs. Eles criaram um veículo de investimento e contam com o apoio da Bossa Nova Investimentos no processo de escolha das empresas nas quais apostar.
O grupo é composto por Janguiê Diniz, da Ser Educacional; Gustavo Frayha, da Atmo Educação; Celso Niskier, da Unicarioca; Rodrigo Marques, do ISL Wyden; Felipe Diesel, das redes You e Hey Peppers; além de Carol Faiffer, da Atom Capital. Outros quatro membros do grupo não querem que seus nomes sejam divulgados.
O pool conta com R$ 5 milhões – cada um tem uma cota de R$ 500 mil. O objetivo é investir na fase pré-seed, com cheques que podem variar de R$ 100 mil a R$ 500 mil, por uma participação minoritária. Não está descartado aumentar esses recursos, bem como admitir novos cotistas para participar de séries subsequentes.
“Queremos descobrir coisas revolucionárias que possam melhorar nossas empresas”, afirmou ao NeoFeed Janguiê Diniz, que é presidente do conselho de administração da Ser Educacional, quinto maior grupo educacional do Brasil, com 170 mil alunos e valor de mercado de R$ 3,8 bilhões.
A ideia de criar o grupo foi capitaneada por João Kepler, um dos sócios da Bossa Nova e apresentador do programa O Anjo Investidor. Ele conta que era procurado por diversos empresários da área, que queriam investir em startups de educação, e ajudou a organizar o grupo.
O projeto Universia, do banco Santander, também dá apoio ao grupo. A Bossa Nova, por sua vez, investe em conjunto com os empresários. “Eles tinham o mesmo interesse e iriam investir de forma isolada”, afirma Kepler. “Com isso, deixam de ser concorrentes para serem sócios e parceiros.”
A primeira reunião do grupo aconteceu na segunda semana de fevereiro deste ano. Todos participaram de um comitê de investimento para avaliar cinco startups escolhidas pela Bossa Nova. Um dos pré-requisitos para investir era o serviço ou produto da startup poder ser usado nos grupos educacionais dos empresários.
Os dois primeiros investimentos já aconteceram. Foram na Redação Online e na Trakto, do empreendedor Paulo Tenório. A primeira startup corrige redação e prepara alunos para o Enem. A segunda facilita a criação, distribuição e impressão de material utilizado dentro e fora das escolas. As duas têm um modelo de negócios B2B, que faz parte da tese de investimento da Bossa Nova.
A Associação Brasileira de Startups (ABStartups) fez um levantamento que identificou 364 edtechs no Brasil em 2018 (dado mais atual). Quase a metade delas atua no segmento de educação básica (47%) e desenvolve sistemas de gestão de conteúdo (43%). O modelo de negócios para gerar receita é o SaaS (sigla para Software as a Service) para 70% das startups.