Depois de elevar por quatro vezes consecutivas a taxa de juros em 0,75 ponto percentual, os diretores do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) avaliam que chegou o momento de desacelerar o ritmo do aperto monetário, o mais intenso desde o começo dos anos 1980.
É o que consta na ata da reunião do último encontro do Comitê de Política Monetária do Fed, o Fomc, ocorrido nos dias 1º e 2 de novembro, divulgada nesta quarta-feira, 23 de novembro. Na ocasião, eles elevaram os juros em 0,75 ponto percentual, para uma faixa de 3,75% e 4% ao ano.
Segundo o documento, os integrantes do Fomc avaliam a possibilidade de, a partir das reuniões marcadas para os dias 13 e 14 de dezembro, elevar os juros em 0,50 ponto percentual.
“Uma maioria substancial dos participantes julgou que uma desaceleração no ritmo de aumento [dos juros] pode ser apropriada em breve”, diz trecho do documento.
Para alguns dos participantes da reunião, se o Fed não reduzir o ritmo do aperto ainda neste ano, a autoridade monetária corre o risco de “ir além do que é necessário” para trazer a inflação à meta de 2%, mesmo que eles ainda não vejam sinais de que a inflação está começando a ceder.
Também foi levantado que novas altas de 0,75 ponto percentual “elevam os riscos de instabilidade ou deslocamentos no sistema financeiro”.
A ata mostra que uma minoria acredita ser melhor esperar antes de reduzir o ritmo do aperto monetário, para ter mais informações e “sinais mais concretos de que as pressões inflacionárias estão retrocedendo significativamente”.
A possibilidade de uma desaceleração na alta dos juros já vinha sendo defendida por alguns membros do Fomc, como o presidente da regional do Fed na Filadélfia, Patrick Harker. Em discurso no começo do mês, ele disse que um aumento de 0,50 ponto percentual “também seria um movimento significativo”.
O Fed começou a elevar os juros em março deste ano, depois que a inflação alcançou patamares não vistos há 40 anos. Os últimos dados mostram que o Índice de Preços ao Consumidor americano (CPI) está apresentando sinais positivos, ainda que fracos.
Em outubro, ele subiu 7,7% em relação ao mesmo mês de 2021, a menor leitura desde janeiro. Mas o índice ainda está longe de mostrar sinais de desaceleração e de estar caminhando para atingir a meta de 2% estabelecida pela autoridade monetária.
Embora estejam de olho nos sinais que o Fomc envia sobre o ritmo de alta dos juros, os agentes econômicos também estão de olho em evidências a respeito de até quando o Fed terá de apertar as condições monetárias.
Existe uma expectativa de que o Fomc continue elevando os juros em 2023, até alcançar o patamar de 5%, antes de começar a cogitar reduzir os juros.
Mas há quem acredite que o Fed precisará ser bem duro para de fato conseguir controlar o surto inflacionário. O UBS, por exemplo, estima que os juros precisarão subir a 5,25% até fevereiro, antes de iniciar um relaxamento.