Bem antes do termo marketplace virar moda, a startup Portal de Compras Públicas já conectava compradores do setor público com empresas privadas por meio de sua plataforma. Depois de movimentar R$ 61 bilhões no Brasil, em 2021, a govtech agora está expandindo seus negócios para a Europa.
O primeiro alvo da govtech fora do País é Portugal. A previsão é de que o escritório lusitano entre em operação ainda neste ano. A cidade que irá sediar essa estrutura ainda não está definida.
As razões da escolha por iniciar essa jornada internacional pelo país são, no entanto, bem claras. Portugal entrou no radar pelo fato de integrar e ser uma porta de entrada – com maior proximidade cultural - para União Europeia. As regras unificadas nesse bloco permitem, por sua vez, que a companhia escale sua operação, posteriormente, para mercados vizinhos.
Fundada em 2016 pelos irmãos Bruno e Leonardo Ladeira, o Portal de Compras Públicas facilita a contratação de fornecedores para compras com licitação e ajuda as empresas a cumprirem os requisitos minuciosos que envolvem o processo.
“As pessoas têm a falsa impressão de que a compra pública envolve um processo complicado e grande demais. E isso não é necessariamente verdade”, diz Leonardo, CEO do Portal de Compras Públicas, para o NeoFeed.
Dados do Ministério da Economia de 2019 apontam que mais de R$ 900 bilhões foram movimentados em compras públicas realizadas naquele ano. O valor corresponde a 12% do PIB brasileiro registrado no período, de R$ 7,4 trilhões.
De acordo com Leonardo, apenas cerca de 3% dos CNPJs ativos no Brasil atuam neste segmento. “É um dos segmentos mais mal explorados pela iniciativa privada. E isso não é diferente no resto do mundo”, afirma o executivo.
Competindo contra empresas como ComprasNet e BLL Compras, o Portal já conecta mais de 200 mil fornecedores cadastrados com 2,2 mil compradores – eram cerca de 300 em 2019. Entre os compradores estão mais de 2 mil municípios, incluindo capitais como São Paulo, Porto Alegre e Vitória.
Na expansão internacional, a meta é obter resultados semelhantes aos números registrados pela govtech no Brasil. No País, a companhia consegue reduzir o tempo médio da compra por licitação de 90 para 21 dias. Também há uma redução de custo de até 28%.
Enquanto o plano é desembarcar em Portugal neste ano, a expansão pelo Velho Continente deve começar a sair do papel somente a partir do ano que vem. “Para chegar em outros países, precisamos apenas estruturar uma central de atendimento e realizar o processo de tradução”, diz Leonardo.
Outro mercado em potencial é a América Latina. Nesse caso, porém, como cada país tem suas próprias regras em relação aos processos licitatórios, o trabalho terá que ser construído quase do zero. E esse é um plano que a startup planeja levar à frente depois de se consolidar na Europa.
A govtech gera receita por meio de um modelo freemium. No plano gratuito, o fornecedor recebe alertas de licitações que têm encaixe com os seus negócios. Já na opção paga, que custa R$ 144 por mês, o usuário tem acesso completo à plataforma e pode participar de todas as modalidades de licitação do portal.
“Quando o comprador publica a licitação no portal, a gente faz a classificação e alerta o fornecedor que há um negócio em potencial para ele”, diz Leonardo.
Por ser superavitária, a startup percorreu um caminho diferente de outras startups e praticamente não recorreu a investidores de venture capital. A única captação foi feita em 2020, com uma injeção de R$ 2,5 milhões da Cedro Capital. Há “conversas” com investidores para um novo aporte. “Smart money é sempre bem-vindo”, diz Leonardo.