A Hypera Pharma não tem economizado nas aquisições para fortalecer o seu portfólio. A estratégia teve início em dezembro de 2019, com a compra das marcas Buscopan e Buscofem, por R$ 1,3 bilhão, e, em fevereiro de 2020, com o acordo de US$ 825 milhões por ativos da Takeda.
Nesse mês, a farmacêutica trouxe novas amostras dessa estratégia. Primeiro, com a aquisição da Bioage, de dermocosméticos, por um valor não revelado. E, uma semana depois, em 13 de julho, com a compra de 12 marcas de medicamentos de prescrição e isentos de prescrição da Sanofi, por US$ 190 milhões.
“Essas marcas são bastante complementares ao nosso portfólio e reforçam categorias estratégicas para a Hypera”, afirmou Breno Oliveira, CEO da empresa brasileira, em conferência com analistas nesta segunda-feira, 26 de julho. “E vão nos permitir capturar sinergias já no curto e médio prazo.”
O acordo com a Sanofi foi um dos pontos abordados pelo executivo para ilustrar esse cenário. Com a transação, ainda sujeita à aprovação do Cade, a Hypera vai incorporar marcas como o analgésico AAS, o antisséptico Cepacol, o Buclina, de estímulo de apetite, e Hidantal, para tratamento de epilepsia.
No portfólio, que também envolve os ativos relacionados a essas marcas na Argentina e na Colômbia, dois terços do faturamento vêm do mercado brasileiro, com uma venda anual via distribuidores de aproximadamente R$ 220 milhões no País.
“Esse portfólio gerou um ebtida de R$ 165 milhões em 2020 “, afirmou Oliveira. “E estimamos sinergias de R$ 35 milhões, totalizando um ebtida de R$ 200 milhões na base de 2020.” Quanto aos ativos dessas marcas no exterior, ele disse que a Hypera avalia alternativas como licenciamento, parcerias ou eventual venda das operações.
Entre as oportunidades de sinergias no mercado brasileiro, Oliveira destacou algumas das estratégias que podem beneficiar essas marcas já na largada de uma eventual aprovação do negócio pelo Cade, a partir da inclusão dessas marcas na plataforma do grupo. A primeira delas em termos de ganhos de cobertura.
“Temos hoje a maior equipe de visitação de farmácias, com 1,1 mil profissionais, que cobrem 96% dos pontos de venda e que fazem, em média, 15 visitas por dia”, disse. “Além disso, estimamos sinergias operacionais à medida que transferirmos a produção para a nossa fábrica em Anápolis (GO), até 2024.”
Ele também frisou que os ganhos potenciais envolvem o investimento pesado nas marcas e as possibilidades abertas de extensões do portfólio, a partir da integração dos ativos adquiridos às operações da Hypera.
“A AAS, por exemplo, vai ser nossa marca guarda-chuva para associações com outras moléculas com foco no mercado de hipertensão”, observou. “E vamos revigorar muitas dessas marcas, que não recebem investimentos em marketing há anos.”
Com a Bioage, por sua vez, a Hypera fortalece sua presença no mercado de skin care, que já tem um volume de vendas via distribuidores de R$ 400 milhões. E passa a ter acesso ao mercado de esteticistas, por meio de uma plataforma de venda direta com mais de 100 mil acessos mensais e 45 franqueados.
Como parte dessa estratégia e da aposta no segmento, a companhia criou, também nesse mês, uma unidade de negócios para abrigar as operações de skin care, que será liderada por Vivian Angiolucci, ex-CFO da Hypera, entre outras posições ocupadas pela executiva na empresa.
O executivo também ressaltou alguns avanços nas integrações das marcas Buscopan e nos ativos da Takeda. No caso desse último acordo, parte da produção já foi internalizada na fábrica de Anápolis e essa transferência deve ser concluída no primeiro semestre de 2022.
Ao mesmo tempo, a Hypera já começa a materializar as primeiras evoluções desse portfólio adquirido, em linha com o desenvolvimento de algumas categorias e segmentos que já vinha trabalhando internamente.
Entre os lançamentos do trimestre relacionados aos ativos comprados da Takeda, um dos destaques é o xarope Alektos, para uso pediátrico. O cronograma de novidades para o ano, ligado a esse portfólio, inclui pelo menos mais dois medicamentos e extensões de linha.
“Estamos acelerando os lançamentos e vamos ter muitas novidades nesse semestre”, disse o executivo. “Nossa expectativa é fechar o ano com mais de 100 novos produtos e com um índice acima de 30% de participação desse portfólio nas vendas.”
Resultado
Entre abril e junho, a Hypera reportou um lucro líquido de R$ 305,1 milhões, o que representou um crescimento de 28,1% na comparação com o resultado na última linha do balanço em igual período, um ano antes.
No segundo trimestre, a receita líquida da companhia foi de R$ 1,17 bilhão, alta de 43,7% na mesma base de comparação. O ebitda das operações continuadas ficou em R$ 362 milhões, um desempenho 45,6% superior.
As ações da empresa, avaliada em R$ 23,2 bilhões, estavam sendo negociadas com ligeira alta de 0,78%, por volta das 13h. No ano, os papéis do grupo acumulam uma valorização próxima de 6%, levando-se em conta o preço do fechamento do pregão da última sexta-feira, dia 23 de julho.