No fim de outubro, o Credit Suisse anunciou um plano para resgatar a confiança dos investidores em meio a escândalos que colocaram em xeque a solvência da sua operação. Um dos pontos traçados foi a separação da sua área de banco de investimentos em uma nova empresa, batizada de CS First Boston.
Passado pouco mais de um mês, o banco suíço ainda tem um bom caminho pela frente para recuperar sua credibilidade. Mas, em um sinal positivo para atravessar essa turbulência, o spin-off em questão já está atraindo o interesse de investidores de peso no mercado.
Mohammed bin Salman, príncipe regente da Arábia Saudita, e a Atlas Merchant Capital, empresa de private equity fundada por Bob Diamond, ex-CEO do Barclays, estão entre os nomes que planejam investir US$ 1 bilhão ou mais no CS First Boston, segundo o The Wall Street Journal.
Embora ainda não exista uma proposta formalizada, o príncipe saudita estaria disposto a assinar um cheque de cerca de US$ 500 milhões destinado à operação. Anteriormente, o Credit Suisse já havia anunciado que tinha exatamente essa cifra comprometida com um investidor, cujo nome não foi revelado.
Na última quinta-feira, dia 1º de dezembro, Axel Lehmann, CEO do Credit Suisse, afirmou durante uma conferência que o banco tinha garantido recursos adicionais a esse montante. Da mesma forma, ele também não revelou os investidores por trás desse compromisso.
Entre outras empresas, Mohammed bin Salman acumula investimentos em ativos como a Uber; o Twitter; o Citigroup; a Lucid Motors, de carros elétricos; e o Newcastle, clube da Premier League, a liga inglesa de futebol.
Não está claro se o eventual aporte do príncipe no CS First Boston será feito separadamente, através de um outro veículo ou por meio do Saudi National Bank. Salman preside o fundo soberano da Arábia Saudita, que, ao lado de outro fundo do país, é o maior acionista do banco.
O Saudi National Bank, por sua vez, é uma das instituições que se comprometeu a participar do aumento de capital US$ 4,2 bilhões do Credit Suisse. Prevista para ser concluído nesta semana, a emissão de novas ações tornará o banco saudita o maior acionista da operação, com uma fatia de 9,9%.
Esses movimentos integram o plano do Credit Suisse para se recuperar de uma crise que teve justamente o seu banco de investimentos como um dos seus pontos de partida. A área reportou perdas bilionárias na trilha dos colapsos financeiros do family office Archegos Capital Management e da gestora de ativos britânica Greensil Capital.
Tais problemas afetaram seriamente o balanço do banco suíço no terceiro trimestre desse ano, quando a empresa registrou um prejuízo de 4 bilhões de francos suíços (US$ 4,1 bilhões), revertendo o lucro apurado no mesmo período de 2021. 2
Por volta das 16h50 (horário local), as ações do Credit Suisse estavam sendo negociadas no patamar de 3,08 francos suíços na Bolsa de Zurique. Os papéis acumulam uma queda superior a 65% em 2022. A empresa está avaliada em 9,4 bilhões de francos suíços.