O que levaria a Monashees, um fundo de venture capital que investe em empresas de tecnologia, a apostar na microcafeteria The Coffee? A resposta incluiu uma boa dose de tecnologia e autoatendimento, com os pedidos realizados e pagos por meio de um tablet ou aplicativo, além de um sistema próprio, totalmente integrado ao backoffice.
Com essa mistura tecnológica, a The Coffee acaba de captar R$ 28 milhões em uma rodada série A, liderada pela Monashees, que já havia participado de um primeiro aporte de R$ 500 mil na startup, em meados de 2019. Os fundos Norte Ventures e Shift Capital, que também já eram acionistas da operação, seguiram o novo investimento.
“Nós estávamos segurando os investimentos, mas fomos provocados pela Monashees”, diz Alexandre Fertonani, cofundador e chief expansion officer da The Coffee, ao NeoFeed. “Agora, ganhamos corpo e fôlego para levar à frente o nosso plano de crescimento.”
A microcafeteria foi fundada pelos irmãos Fertonani – Alexandre, Carlos e Luis – no fim de 2017. Muito identificado com a cultura japonesa, o trio buscou inspiração na terra do sol nascente para lançar uma cafeteria compacta em Curitiba (PR), com lojas, em média, de 6 metros quadrados e um funcionário.
Para Fertotani, além do modelo enxuto, que facilita a procura por pontos de venda, outro fator chamou a atenção da Monashees na proposta da The Coffee. "O que mais atraiu foi a questão de ser uma marca, na ponta do varejo, algo que eles praticamente não têm no portfólio, e que tem tecnologia envolvida."
Sob essa premissa, o principal destino dos novos recursos é a expansão da rede, que hoje conta com 30 lojas no Brasil - duas delas próprias e as demais franquias. A projeção da empresa é encerrar 2020 com uma base de 40 unidades.
Esse crescimento ganhará velocidade em 2021, quando o plano é chegar a 100 unidades no País, sendo 50 próprias e 50 franquias. Nesse último formato, o investimento é de cerca de R$ 100 mil e a prazo médio de retorno de 18 meses.
Atualmente, além de Curitiba, a The Coffee está em São Paulo (SP), Florianópolis (SC), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e Blumenau (SC), entre outras cidades. O foco inicial serão as inaugurações em capitais como Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS), com até cinco lojas nessas praças.
Outra prioridade é reforçar a presença no Nordeste, com até três unidades em cada capital da região. A ideia é avançar também para cidades de médio porte, com mais de 300 mil habitantes. “Vamos cobrir praticamente 70% dos Estados e, depois, pulverizar pelo interior do País”, diz Fertonani.
Com o aporte, a The Coffeee também colocará em prática seu projeto de expansão internacional. Nessa esfera, a empresa prevê a abertura de doze unidades em 2021, a começar por quatro lojas em Barcelona e Madri, na Espanha, e outras duas em Lisboa, Portugal, já no primeiro trimestre.
A divisão entre lojas próprias e franquias também será adotada nesse mapa no exterior. Para o ano, além de outras lojas na Espanha e em Portugal, a companhia já tem projetos alinhavados para aberturas em Paris, capital da França.
Dentro de casa
Com o caixa reforçado, a The Coffee vai olhar também para o que precisa ser feito dentro de casa. O objetivo é ganhar agilidade, reduzir custos e, principalmente, ter mais controle sobre cada processo. “Vamos verticalizar praticamente tudo o que for possível na operação”, explica Fertonani.
A estratégia inclui um centro de distribuição, em operação desde a semana passada. Instalado em uma área de 1,2 mil metros quadrados, em Curitiba, o local também abrigará o centro de torra dos grãos da companhia. “Com essa estrutura, temos capacidade de atender 150 lojas”, diz o empreendedor.
A The Coffee acaba de investir em um centro de distribuição próprio, com 1,2 mil metros quadrados, que também abrigará seu centro de torra de grãos
As mudanças envolvem também a abertura de um novo fornecedor de grãos, em Minas Gerais. Até então, a The Coffee trabalhava com uma fazenda de Cornélio Procópio (PR). Com a dupla, a startup vai investir em um blend para reforçar a exclusividade dos cafés servidos em suas lojas.
“Eles criaram um modelo simples, com conveniência e tecnologia, e fácil de escalar”, diz Cristina Souza, CEO da consultoria GS&Libbra. “E a verticalização é um passo inteligente, pois como eles estão no food service e são monoproduto, precisam ser eficientes e cuidar de cada centavo da operação.”
Nesse contexto, a ampliação do portfólio é outro tópico em destaque. A startup lança o seu e-commerce no fim de janeiro. Além de sua linha de cafés, o canal irá vender xícaras, filtros e outros cinco produtos, todos com a marca da companhia, e que também poderão ser comprados pelo app e nas lojas da rede.
Enquanto prepara todos esses planos, a The Coffee começa a enxergar a recuperação no movimento e nas vendas das unidades da rede. Nos primeiros meses da pandemia, as lojas em praças como São Paulo, nas quais a quarentena foi mais restrita, foram as que mais sofreram.
Agora, o próprio modelo da companhia, que permite ao consumidor comprar seu café praticamente sem nenhuma interação, está impulsionando essa retomada. “Hoje, estamos com cerca de 75% do faturamento que tínhamos pré-pandemia”, diz Fertonani, sobre a receita média mensal da startup, de R$ 1 milhão.
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