A temporada de ofertas públicas iniciais de ações nos Estados Unidos segue movimentada. Dentro dessa agenda intensa, a Snowflake, empresa americana de gestão de dados na nuvem, um dos IPOs mais aguardados do ano, não decepcionou.
Liderada pelo CEO Frank Slootman, a companhia do “floco de neve” mostrou que o mercado americano de capitais está definitivamente aquecido. Com o início das negociações de seus papéis nesta quarta-feira, na Bolsa de Nova York, o IPO foi fixado em US$ 120 por ação, acima da faixa esperada, entre US$ 100 e US$ 110.
Nesses termos, a empresa captou US$ 3,3 bilhões e foi avaliada em US$ 33 bilhões. Mas ao longo do primeiro dia de negociação, as ações da companhia fecharam o pregão cotadas a US$ 253,93, o que representou uma valorização de 111,61%. O valor de mercado subiu para US$ 70,4 bilhões.
Esses números traduzem grandes marcos. Além de ser a maior abertura de capital do ano nos Estados Unidos, esse foi o maior IPO da história de uma companhia de software. Até então, esse posto era ocupado pela também americana VMware, que levantou US$ 957 milhões em sua oferta, realizada em 2007.
A cifra também é bem superior à avaliação de US$ 12,4 bilhões que a Snowflake recebeu em fevereiro, quando captou seus últimos recursos como empresa privada, de US$ 479 milhões. No total, a companhia fundada em 2012 atraiu US$ 1,4 bilhão em oito rodadas, com a participação de fundos como Sequoia Capital e ICONIQ Capital.
A Snowflake desembarca na bolsa americana com outras credenciais de peso. A Berkshire Hathaway, gestora do bilionário americano Warren Buffett, tradicionalmente avesso a investimentos em companhias de tecnologia, se comprometeu a aportar US$ 250 milhões na operação após o IPO.
Esses recursos serão complementados com outros US$ 250 milhões do braço de venture capital da companhia americana de software Salesforce, que já integrava a lista de investidores da Snowflake.
A ótima recepção à empresa no mercado de capitais passa pelo avanço da operação na esteira da pandemia. Mas é baseado, muito mais, nas perspectivas de crescimento da companhia no médio e longo prazo.
Antes de concretizar essas premissas, no entanto, a Snowflake, que tem uma base de 3,1 mil clientes, vem repetindo um roteiro já trilhado por tantas outras grandes promessas do setor de tecnologia. Até hoje a empresa não é lucrativa.
Em seu ano fiscal encerrado em janeiro, a empresa reportou um crescimento de 173,7% na receita líquida, para US$ 264,7 milhões. Em contrapartida, apurou um prejuízo líquido de US$ 348,54 milhões, contra uma perda de US$ 178,03 milhões no exercício anterior.
Além dessa questão, outro ponto de atenção no mapa da companhia é o acordo pelo qual a empresa se comprometeu a destinar US$ 1,2 bilhão a Amazon Web Services (AWS), nos próximos cinco anos. Braço de infraestrutura de tecnologia da Amazon, a AWS é a principal provedora da Snowflake.
Para reduzir essa dependência, ressaltada por analistas, a empresa vem costurando acordos com outros fornecedores de infraestrutura e de serviços na nuvem, como a Microsoft e o Google.
Boom em Wall Street
O IPO da Snowflake fortalece um ano no qual as empresas já captaram mais de US$ 78 bilhões em aberturas de capital no país, segundo a consultoria Dealogic. A chegada da operação é também o destaque em uma semana recheada de ofertas de companhias de software em Wall Street.
O calendário inclui nomes como a Unity, de software de games, e a Sumo Logic, de software de análise de dados. A primeira planeja captar até US$ 1,2 bilhão em seu IPO. Já a segunda prevê levantar US$ 281 milhões. A lista da semana passa ainda pela israelense JFrog, cuja projeção é arrecadar US$ 328 milhões.
(Reportagem atualizado com informações sobre o primeiro dia de negociação de ações da Snowflake)
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