Em fevereiro, o Santander acertou uma parceria com o Google Pay. Nos últimos meses, houve um esforço do banco espanhol para ter as principais plataformas de pagamento na wallet. O motivo é que as transações realizadas pelas carteiras digitais, como Samsung Pay e Apple Pay, se mostraram mais rentáveis e menos sensíveis aos problemas de inadimplência.
Em novembro e dezembro de 2022, o gasto mensal de quem utilizou os cartões Santander nas wallets foi 5 pontos percentuais maior do que o registrado por quem utilizou o cartão físico, na comparação com outubro (mês que não havia vinculação a outra plataforma).
Em quatro meses de parceria com o Apple Pay, por exemplo, 35% da base elegível já fez o provisionamento de seu cartão Santander na carteira digital.
“A partir do momento que damos mais opções para o cliente fazer transações no ambiente digital, esse cliente digital fica ainda mais vinculado ao banco”, afirma Rogério Panca, diretor de cartões e pagamentos digitais do Santander Brasil, ao NeoFeed. “O nível de consumo e relacionamento que ele tem com o banco Santander é muito superior. Um cliente digitalizado gasta, em média, 24% a mais que um cliente não digitalizado.”
A avaliação é que os resultados obtidos no digital tem muito a contribuir para a divisão de cartões, mas, sobretudo, para o banco Santander como um todo, em um ano que promete ser ainda mais complicado para o crédito.
Essa vinculação de clientes via digitalização deve ajudar o Santander a atravessar o período difícil da economia brasileira. Desde o final de 2021, a área de cartões diminuiu o apetite por risco, em linha com o posicionamento do banco em geral, de privilegiar o resultado e a rentabilidade.
“2022 foi um ano difícil em termos de inadimplência, então teve uma estratégia concentrada na vinculação de clientes de menor risco”, afirma Panca. "Para 2023, a gente continua com uma postura de vendas de novos cartões muito voltada para clientes que já são clientes do Santander."
Em meio a uma série de incertezas que rondavam a economia brasileira no ano passado, a área de cartões do Santander Brasil registrou um desempenho histórico. Ao reduzir seu apetite a risco e ser mais seletivo na concessão, a área fechou o ano com faturamento recorde de R$ 338 bilhões, montante 10% superior ao registrado em 2021.
No ano passado, do total de transações que os clientes dos cartões Santander fizeram pela internet, 41% foram com o cartão online. E o ticket médio das compras feitas no e-commerce foi 30% maior do que aquelas realizadas através de cartão físico.
Além disso, metade das transações feitas por meio do cartão online ocorre em estabelecimentos e serviços com grande recorrência, como Uber, iFood e Netlfix.
Diante dos resultados, o plano em 2023 para incentivar a digitalização envolve ainda iniciativas de marketing e comunicação, mostrando os benefícios e a praticidade da tecnologia.
Para as carteiras digitais, a ideia é avançar primeiramente em direção aos clientes de alta renda, embora o serviço esteja aberto para qualquer cliente de cartões do Santander.
Nessa estratégia, o banco quer atrair clientes do private banking, em que é preciso ter R$ 5 milhões ou mais investidos. Outro segmento na mira é o Select, que anteriormente exigia uma renda mensal igual ou superior a R$ 10 mil, com investimentos acima de R$ 30 mil. Mas que agora está disponível para quem pagar a tarifa mensal de R$ 99,95.
Desde antes da pandemia, o Santander vem trabalhando na melhora da jornada digital de seus produtos, visando reforçar um caráter cada vez mais transacional. Para manter essa toada em 2023, o banco entende que o comedimento na concessão de crédito segue sendo importante. Ao mesmo tempo, a área de cartões quer continuar avançando na conversão dos clientes para o mundo digital.