Em um momento em que a concorrência deve crescer com a chegada da Keeta, o braço internacional de delivery da gigante chinesa Meituan, e a volta ao mercado da 99Food, o iFood está divulgando um aumento de seus investimentos para o ano fiscal que vai de abril deste ano até março de 2026.

O valor será de R$ 17 bilhões, 25% a mais do que no ano fiscal anterior (que foi de R$ 13,6 bilhões) e quase 70% quando comparado ao ano fiscal de 2024 (R$ 10,3 bilhões).

“Estamos olhando a capacidade de crescer no mercado existente e no que está se desenvolvendo. Queremos aumentar a frequência (de uso do aplicativo) e a penetração na classe C”, afirma Diego Barreto, CEO do iFood, ao NeoFeed.

Boa parte dos recursos vai ser investida em marketing e promoções para impulsionar restaurantes, inovação e tecnologia, além de crédito para parceiros, uma área em que o iFood tem planos agressivos com seu braço financeiro, o iFood Pago.

Ao NeoFeed, Barreto disse que aproximadamente R$ 6 bilhões irão para a área de growth em restaurantes, que receberá a maior parte dos recursos.

Outra parte irá para a área de tecnologia e de inteligência artificial, onde serão contratados 1,1 mil profissionais. E, por fim, para a fintech, cuja carteira de crédito deve passar de R$ 1 bilhão para R$ 2,8 bilhões.

Atualmente, o iFood Pago dá crédito para os restaurantes. O plano agora é também financiar as pessoas físicas, em compras pelo aplicativo. “Temos uma frente grande para o aumento do bucket de crédito”, diz Barreto.

Com o total investido, o iFood estima um crescimento em pedidos que, adicionalmente, irá gerar R$ 5,2 bilhões em repasses para os entregadores. A expectativa é passar de 120 milhões de pedidos mensais para 200 milhões de pedidos mensais em três anos. No mesmo período, o plano é sair de 55 milhões de usuários ativos para 80 milhões.

Questionado se o crescimento do investimento está sendo realizado por conta de um ambiente mais competitivo, Barreto nega e diz que está aumentando os gastos em apenas R$ 3,4 bilhões. “Se fosse para enfrentar a concorrência, teria de ser R$ 5 bilhões, R$ 6 bilhões”, afirma o CEO do iFood.

Apesar disso, os investimentos do iFood acontecem num momento em que a Keeta, que pertence ao Meituan, está montando sua operação no Brasil e planeja investir R$ 5,6 bilhões em cinco anos, conforme havia publicado com exclusividade o NeoFeed.

A companhia chinesa deve iniciar sua operação brasileira até o fim deste ano e está negociando com seus parceiros logísticos. Tony Qiu, que já foi CEO da 99 em São Paulo, será o responsável pela operação brasileira. Ele também montou a Keeta em Hong Kong e na Arábia Saudita.

Ao mesmo tempo, a 99Food voltou ao mercado com taxa zero – algo que deve acontecer com a operação da Keeta, quando estrear no Brasil. A primeira cidade a receber a iniciativa da 99Food foi Goiânia. Agora, ela acaba de chegar à cidade de São Paulo.

Segundo apurou o NeoFeed, tanto 99 quanto Meituan estão montando estruturas de M&As e olhando para aquisições estratégicas que possam acelerar seus planos no mercado brasileiro.

O próprio iFood está ativo na área de M&As. A companhia reservou R$ 500 milhões para investir em startups – boa parte desses recursos já foi usada na compra de 20% da CRMBonus, um negócio que saiu por mais de R$ 400 milhões, segundo uma fonte disse ao NeoFeed.

A grande tacada do iFood, no entanto, é a negociação pela compra da Alelo, um negócio no qual o mercado estima que possa ficar entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões - um investimento, caso ocorra, virá de um bolso diferente dos investimentos que acabam de ser anunciados.

A transação colocaria o iFood, que deve chegar a 1 milhão de beneficiados no próximo mês, na liderança do bilionário mercado de benefícios, com uma fatia superior a 30% do mercado.

Essa área é dominada por poucas empresas, como a própria Alelo, seguida de Ticket, Pluxee (ex-Sodexo) e VR – essas quatro companhias têm uma fatia estimada de 80% do mercado.