A Pague Menos acaba de confirmar que chegou a um acordo com a Ultrapar para a aquisição de 100% das operações da Extrafarma. Pelos termos da transação, a rede cearense vai desembolsar R$ 700 milhões pelo ativo.
O montante será dividido da seguinte forma: 50% na data de fechamento da aquisição; 25% no primeiro aniversário da data de conclusão da negociação; e os 25% restantes no segundo aniversário da data de conclusão do negócio.
Segundo fato relevante divulgado pela companhia, a cifra em questão será reduzida pelo endividamento líquido e ajustada, posteriormente, pelas variações do endividamento líquido e de capital de giro, entre outros eventuais ajustes, até a data de fechamento do acordo, que ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“No Norte e Nordeste não há outro player que tenha tanto fit e traga tanta aceleração ao nosso plano de crescimento como a Extrafarma”, afirmou Mário Queirós, CEO da Pague Menos, em conferência sobre o acordo. “Estamos adquirindo uma operação similar, no nosso quintal, onde operamos há 40 anos anos e que conhecemos como a palma da nossa mão.”
Com a aquisição, publicada em primeira mão pela agência de notícias Reuters na manhã de hoje, a Pague Menos torna-se a segunda maior rede de farmácias do mercado brasileiro em número de lojas, com 1.503 unidades, atrás apenas da Raia Drogasil (RD), com mais de 2,1 mil pontos de venda.
Levando-se em conta os indicadores contabilizados pelas duas redes em 2020, a operação combinada registrou uma receita líquida de R$ 8,84 bilhões, com lucro bruto de R$ 2,71 bilhões e ebitda de R$ 657 milhões.
A partir da aprovação e conclusão da negociação, a rede cearense estima um potencial de contribuição adicional líquida ao ebtida entre R$ 150 milhões e R$ 250 milhões anuais, dos quais, 80% devem ser capturados nos dois primeiros anos da nova operação.
O grande racional da Pague Menos por trás do acordo, no entanto, é defender seu território e reforçar a atuação em seus principais mercados, as regiões Norte e Nordeste, nas quais a rede vem perdendo participação nos últimos trimestres, sob o avanço justamente de rivais como a RD.
Hoje a sexta maior rede de farmácias do País, a Extrafarma tem 402 lojas em 10 estados, sendo que 89% delas estão no Norte e Nordeste e 66% atendem à classe média expandida, um público que cada vez mais está no centro das estratégias da Pague Menos.
“Estamos antecipando nosso plano de expansão em três anos”, disse Queirós. “Mas é importante frisar que nosso plano orgânico continua. Ainda temos muita oportunidade para explorar, por exemplo, em estados como a Bahia.”
A partir do acordo com a Extrafarma, a Pague Menos destaca que sua participação saltará de 19,5% para 23,3% no Nordeste, e de 9,9% para 18,9% na região Norte. Já no mercado brasileiro como um todo, a empresa passa a ter uma fatia de 7%.
“Antes, nós liderávamos em 355 microregiões no Norte e Nordeste e, com a aquisição, passamos a liderar em 425”, disse Queirós, que também destacou a evolução no estado de São Paulo. “Estamos ampliando nosso footprint no estado em 50%, saindo de 84 para 126 lojas.”
Além da ampliação da presença, o empresário ressaltou outras questões a serem exploradas com a aquisição. Uma dessas frentes é a potencial de implantar o hub de saúde da Pague Menos, sob a bandeira Clinic Farma, em 70% das lojas da Extrafarma.
“Ao mesmo tempo, as 402 lojas da rede irão expandir a base de pontos de retirada dos produtos comprados no nosso e-commerce”, afirmou Queirós, que frisou ainda o fortalecimento da malha logística da rede, que passa a contar com 9 centros de distribuição.
“Vamos diminuir em 45% a distância média entre os CDs e as lojas”, observou. “E, com isso, reduzir os níveis de ruptura e, por consequência, ampliar a receita dessas unidades.”
O empresário citou ainda oportunidades em áreas como marcas próprias e o programa de fidelidade da Extrafarma, que conta com 4 milhões de usuários ativos. Além dos ganhos de escala e o maior poder de barganha junto a fornecedores.
Avaliada em R$ 5,21 bilhões, a Pague Menos encerrou o pregão desta terça-feira na B3 com suas ações cotadas a R$ 11,77, uma alta de 9,59%, impulsionada pela expectativa sobre o acordo. No ano, os papéis acumulam uma valorização de 30,4%.