Desde que desembarcou oficialmente na América Latina, em abril de 2019, o Softbank não mediu esforços para replicar seu apetite global por investimentos.
Em menos de 12 meses, o fundo destinou cerca de US$ 2 bilhões aos aportes em 20 startups da região, com destaque para o cheque de US$ 1 bilhão à colombiana Rappi.
O mercado brasileiro foi um dos principais alvos nessa estratégia. Com o volume desembolsado, o fundo incorporou ao seu portfólio nomes locais como Gympass, Vtex, Banco Inter e Loggi. Na esteira desse processo, o escritório regional, composto no início por apenas três pessoas, hoje abriga 61 profissionais.
Perto de completar um ano de operação na região, o Softbank parece, no entanto, viver um momento mais comedido. E não por falta de seu conhecido apetite. “Nós filtramos 300 companhias no ano passado e investimos naquelas que nos interessavam”, afirmou André Maciel, sócio e responsável pelo Softbank na América Latina, em evento promovido pelo Credit Suisse. “Agora, no entanto, está muito mais difícil encontrar outra operação que está crescendo em escala. Nosso desafio, efetivamente, é manter esse ciclo de novas empresas.”
Entre os segmentos da economia que traduzem essa dificuldade, Maciel citou como exemplo a área de saúde. Especialmente em países como o Brasil, que, diante de fatores como o aumento na expectativa de vida, abre uma série de oportunidades de negócios. “É um setor que estamos loucos pra investir”, disse o investidor. “Mas não achamos nada de interessante e com o tamanho que nós possamos investir.”
Em contrapartida, ele citou as fintechs de crédito da região como uma alternativa, pelo fato de essas empresas demandarem recursos de forma recorrente para ampliarem suas carteiras. Essa vertente marca, inclusive, o último investimento do fundo na região. Trata-se da mexicana AlphaCredit, que captou US$ 125 milhões neste mês, em uma rodada liderada pelo Softbank.
Ao mesmo tempo, Maciel citou outros segmentos que estão no radar do Softbank no País. Entre eles, a área de educação, ainda extremamente carente. E também de energia solar. Nessa última frente, o fundo enxerga boas perspectivas em empresas cujos modelos incluam serviços relacionados à infraestrutura e distribuição.
“Temos muito apetite para o risco. E também para o erro”, afirmou ele sobre a tese de investimentos do fundo. “Nossa ideia é que, dentro de um portfólio de 20 empresas, cinco sejam estrelas. E que essas cinco paguem o preço de todas as falhas.”
“Temos muito apetite para o risco. E também para o erro”, afirmou Maciel
Maciel também comentou sobre o caso do WeWork, cujo IPO frustrado, colocou em xeque a tese do fundo, maior investidor da companhia americana de escritórios compartilhados. “A aposta no WeWork foi o nosso maior erro”, disse, sobre o volume de recursos aportado na operação. “Mas quando começamos com eles, todos indicadores apontavam que o negócio poderia ser muito maior.”
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