O Pátria está comprando uma fatia de 40% da Kamaroopin, que tem em seu portfólio startups como Petlove e Zenklub e aproximadamente R$ 1 bilhão de ativos sob gestão, passando a atuar na classe de ativos de venture capital e growth equity.
Os termos do acordo não foram revelados, mas a transação vai acontecer em duas fases. Na primeira, além da aquisição de uma fatia minoritária, que será paga em dinheiro, o Pátria e a Kamaroopin, gerida por Pedro de Andrade Faria, vão fazer a captação de um novo fundo.
Na segunda etapa, que deve acontecer em aproximadamente 18 meses, o Pátria planeja comprar a fatia de 60% remanescente, condicionada ao desempenho fundo que vai ser levantado e a outros pré-requisitos que não foram divulgados.
“Nossos fundos têm foco em empresas mais maduras e o Pátria gostaria de entrar em growth equity”, diz ao NeoFeed Alexandre Saigh, CEO do Pátria, reforçando que se trata de um teste para que, depois de colocar o pé nessa área, possa entrar com tudo no mercado de venture capital.
Questionado por que não fez isso de forma direta, Saigh respondeu. “O nosso negócio é dependente de pessoas e de suas competências. E gerar um alfa não é fácil. O time tem de ser diferenciado”, afirma o CEO do Pátria, em uma referência a Kamaroopin e a Faria.
A Kamaroopin foi criada em 2018 e era uma das gestoras da SK Tarpon, dos sócios da Tarpon. O portfólio, que inclui, além da Petlove e Zenklub, a Consorciei e a VetSmart, gerou um múltiplo bruto de 2,7 vezes com base nas avaliações de junho de 2021.
“Enxerguei a equação toda. Quero olhar daqui para frente, podendo me transformar em um grande investidor e um acionista do Pátria”, diz ao NeoFeed Faria, que começou sua carreira como estagiário do Banco Patrimônio, uma das origens do Pátria.
Com o negócio, Faria passa a liderar a prática de venture capital do Pátria e deixa a Tarpon, gestora que fundou com Zeca Magalhães e Eduardo Mufarrej e investiu em diversos ativos desde o inicio dos anos 2000, como Arezzo, Hering, Cremer, BRF, entre outros.
O novo fundo que vai ser levantado vai contar com capital do Pátria, da gestora do Pátria, da Kamaroopin, dos sócios da Tarpon e até mesmo de funcionários do Pátria. O objetivo é também captar com terceiros. O volume total que pretende ser captado não foi divulgado.
A ideia é seguir a tese da Kamaroopin. Uma delas é do setor de pets, em que a Petlove é o principal exemplo. “Daqui vai sair mais coisa, inclusive no âmbito internacional”, diz Faria.
A outra é da área de saúde, em que a Zenklub, de saúde mental, ilustra a estratégia. A companhia quer investir também em serviços financeiros, ao estilo do que fez na Consorciei. A novidade fica de educação, que devem ser contemplada com os investimentos do novo fundo.
Não há um cheque fixo para investir nas empresas. Mas a meta é, ao longo de diversos aportes, investir até R$ 500 milhões na empresa, acompanhando o crescimento da companhia.
Com o negócio, o Pátria aumenta a diversificação de seu negócio. Em dezembro, o Pátria conclui a aquisição da chilena Moneda, criando uma gestora com US$ 25 bilhões, passando a atuar, além de private equity e infraestrutura, em crédito e ações.
Ao entrar em venture capital, o Pátria quer uma fatia de uma das áeras mais quentes do momento. De janeiro a novembro, os investimentos em startups atingiram US$ 8,9 bilhões, quase 150% a mais do que o total de 2020, segundo dados da Distrito, um ecossistema independente de inovação. Em 2020, os aportes totalizaram US$ 3,6 bilhões.
A Kamaroopin, por sua vez, fazia parte do ecossistema da SK Tarpon, minigestoras criadas pela Tarpon. As outras são a Tarpon Capital (que investe em ativos na bolsa), a Niche Partners (teses de nicho, sendo a primeira delas em logística), 10b (que foca no agronegócio) e a Ômega (uma empresa de energia renovável).
Listado na Nasdaq, o Pátria vale US$ 2,3 bilhões.